As origens do Apóstolo Paulo
Texto Áureo
“Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei
perda por causa de Cristo”. Fp 3.7
Verdade Aplicada
É fato inegável que a linhagem, o lugar de
nascimento e a cultura de Saulo de Tarso contribuíram decisivamente para que o
Evangelho fosse divulgado em todo mundo antigo.
Objetivos da Lição
► Entender o valor
representativo das origens de Paulo em sua visão religiosa judaica.
► Mostrar como as
raízes de Paulo colaboraram positivamente após sua conversão e através de sua
pregação.
► Reconhecer que
Deus se utiliza tanto de nossas origens quanto do que somos,
para realização da sua obra.
Textos de Referência
Fp 3.4 Ainda que também podia
confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais
eu.
Fp 3.5 Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel,
da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,
Fp 3.6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à
justiça que há na lei irrepreensível.
Fp 3.8 Sim, deveras considero
tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo.
A Conversão de Saulo At 9.1-31
As
experiências de Saulo e do estadista etíope se contrastam. Ambos fizeram uma
viagem. Um era gentio, outro judeu. O gentio vinha de Jerusalém, onde foi buscar
bênçãos espirituais. Saulo ia de Jerusalém a Damasco em viagem de perseguição
aos crentes. O primeiro caso é exemplo do texto: "Buscai, e
achareis". O outro, do texto: "Fui achado daqueles que me não
buscavam". O Senhor foi gracioso a ambos os viajantes. Um recebeu a bênção
que procurava; o outro, a que não buscava. Ambos foram abençoados e
continuaram a viver para Deus.
A Campanha Anticristã de Saulo (At
9.1,2)
A
igreja judaica havia sido estabelecida. O Evangelho já tinha alcançado Samaria.
Logo Pedro abriria a porta da Igreja aos gentios. Alguém tinha, então, de levar
o Evangelho "até aos confins da terra". Eis o homem certo: Saulo de
Tarso. Não acompanhou Cristo na terra. Contudo, não era inferior aos primeiros
discípulos quanto ao zelo, conhecimento, poder e trabalho. A vida e ministério de Paulo
mostram que o Senhor escolheu o tipo de homem que a situação exigia.
Segundo a orientação de Deus, ele faria a religião de Jesus ser uma religião
para todos os homens.
1. Um líder religioso.
Saulo, provavelmente com 30 anos, era
membro do Sinédrio, o concilio religioso judeu. O mesmo que condenou Jesus à
morte. Isto é dado a entender pela posição que ocupava entr2e os judeus daquela
época (Gl 1.14), e também pelo papel que desempenhou no processo de Estêvão
(At 7.58), inclusive seu voto lançado (At 22.20).
2. Um defensor zeloso.
Com energia característica, Saulo se
dedicava à desarraigar o Cristianismo. Para ele, um
movimento perigosíssimo. Provavelmente imaginasse ser "do diabo".
Dizer que Jesus, crucificado após a condenação do Sinédrio como blasfemador,
era o Messias e Filho de Deus seria o cúmulo da blasfêmia. E, quando Estêvão
falou na anulação da Antiga Aliança e na destruição do Templo, Saulo concluiu
que tais ensinos ameaçavam a verdadeira religião. Como se os crentes fossem
subversivos e anarquistas! Resolveu, então, salvar o judaísmo mediante a
destruição do Cristianismo. Após o apedrejamento de Estêvão, começou sua tarefa
em Jerusalém (At 8.1-3). Viu o movimento se espalhar para outras cidades.
Então, pediu autorização a fim de prender os crentes em Damasco e levá-los para
serem processados em Jerusalém.
3. Um cruel perseguidor.
Saulo era normalmente bondoso e
gentil. Quando, porém, entrou nele o espírito da perseguição, ficou enfurecido
contra a Igreja. Como um animal selvagem, prendia homens e mulheres,
lançando-os em cárceres, condenando-os a serem açoitados e até mortos. Até
procurava forçá-los a blasfemar contra o nome de Cristo (At 22.4; 26.10,11; 1 Co 15.9; Fp 3.6). Qual a explicação para tanta crueldade
por parte de um homem devoto e piedoso? Primeiro, agiu "ignorantemente, na incredulidade"
(1 Tm 1.13; cf. Lc 23.34). Em segundo lugar, seu zelo
era mal orientado. Pensava que, com isso, tributava culto a Deus (Jo 16.2,3).
O zelo religioso desprovido do amor de Deus sempre tem sido uma desgraça neste
mundo (ver 1 Co 13).
4. A Igreja ameaçada.
Cristo prometeu que nunca abandonaria
a Igreja (Mt 28.20). Assegurava seus seguidores de que
as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt
16.18). Parecia, no entanto, que Saulo não sendo afastado do caminho, o
Cristianismo seria exterminado. Tenham bom ânimo, discípulos de Cristo: Alguém
está se preparando para levar Saulo cativo terminando assim sua carreira de
perseguições.
A Luz Celestial (At 9.3)
1. Iniciada a viagem.
Levando na bagagem cartas oficiais do Sinédrio, e acompanhado por um grupo de policiais
do templo, Saulo iniciou sua viagem. Ia a Damasco para uma campanha anticristã
por toda a cidade. Confiava que seria bem recebido pelas autoridades. Afinal, o
governador da cidade era amigo do sumo sacerdote (2 Co
11.32). O grupo provavelmente viajava em cavalos e mulas. Levariam cerca de
uma semana percorrendo em torno de 240 quilômetros de distância. Saulo tinha
bastante tempo para refletir durante a viagem.
2.
A
viagem interrompida. Por volta do meio-dia (At 22.6), Saulo e o grupo chegavam perto de
Damasco. O fato de viajarem na parte mais quente do dia, quando normalmente
todos descansavam, demonstra sua impaciência e pressa. Desejava começar a obra
de perseguir os cristãos. Será que dúvidas profundas, fruto da meditação, o
incomodavam tanto que buscava abafá-las iniciando logo sua obra? Ao aproximar-se
de Damasco, "subitamente", brilhou uma luz do céu ao seu redor.
Brilhava mais do que o próprio sol escaldante da Síria em pleno meio-dia (At
26.13).
A Voz Celestial (At 9.4,5)
1. "Saulo, Saulo, por que me persegues?" O que estas palavras significavam para
Saulo? Recebia uma mensagem pessoal do Céu. No Antigo, como no Novo Testamento,
quando Deus chamava alguém pelo nome, era sinal de que tinha um cuidado
especial por aquela pessoa. E que a chamava para um serviço especial (ver Gn
22.1; 46.2; Êx 3.4; 1 Sm 3.4; Lc 19.5; At 10.3). Sabia
que eram pronunciadas por um ser celestial. Portanto, estava sendo acusado de
lutar contra Deus (At 5.39 ־
Saulo não havia seguido o conselho de Gamaliel, seu
professor). As palavras continham um desafio à sua retidão de conduta e crença.
"Por quê?" Como Saulo, zeloso pela Lei e por Deus, iluminado pelas
palavras de Moisés e dos profetas, chegou ao ponto de lutar contra Deus,
pensando que servia a Ele.
2. "Quem és, Senhor?" Saulo tinha consciência de que algum
ser celestial lhe aparecera. Ele bem conhecia narrativas de acontecimentos
semelhantes no Antigo Testamento (Is 6.1-3; Ez 1.27,28; Dn 10.5-8). Não sabia,
no entanto, a identidade do visitante. Era um dos anjos, o Anjo do Senhor ou o
Senhor Deus em pessoa? Esta era a razão da sua pergunta.
3. "Eu sou Jesus, a quem tu persegues". Que susto enorme para Saulo! O ser
celestial era o próprio Jesus, considerado por ele um impostor crucificado.
Estêvão tinha razão! O crucificado era verdadeiramente o Messias, glorificado
e profetizado (At 7.55,56 e Dn 7.13,14). Notemos que Cristo se revelou com o
nome humano, tão odiado por Saulo. Não disse: "Sou o Filho de Deus",
nem: "Sou o Messias". O próprio Jesus de Nazaré foi glorificado (Jo 1.45,46,49,51).
A Advertência Celestial (At
9.5)
"Duro é para ti
recalcitrar contra os aguilhões"
(At 26.14).
1. A ilustração. Nos dias de Paulo, empregavam-se bois para arar. Os bois, no começo,
ficavam parados, dando coice para trás. Por meio de pontas metálicas agudas no
madeiramento do arado e de um aguilhão na mão do arador, infligia-se cruel
sofrimento ao boi rebelde. Até que aprendesse a obedecer ao invés de dar
coices.
2. A aplicação. Deus queria Saulo num serviço nobre, mas este resistia. Provocava sofrimentos a si próprio. Longe de obedecer ao Altíssimo,
era rebelde. Contra que aguilhões Saulo dava
pontapés? A resposta tem conexão com o martírio de Estêvão.
Estêvão
foi acusado de blasfemar contra a Lei. Mostrava, porém, a mesma glória do
rosto de Moisés ao descer do Sinai com a Lei (At 6.11,15; Êx 34.29). Saulo
pensava que Estêvão fosse um apóstata condenado ao inferno. No entanto,
enquanto era apedrejado, teve a visão celestial do trono de Deus (At 7.55,56).
Saulo considerava Estêvão um inimigo dos líderes judeus. Estêvão, ao invés de
amaldiçoá-los, orou invocando perdão para eles (At 7.60). A vida santa dos
crentes perseguidos não deixou de causar impressão na consciência de Paulo.
Estêvão, acusado de quebrar a Lei, morreu com a paz de espírito dos fiéis à
vontade de Deus (At 7.59). Apesar da retidão segundo a Lei exterior e sua
paixão pela ortodoxia religiosa, Saulo, por certo, não possuía a satisfação
espiritual vista no rosto do mártir.
As
palavras do Senhor dão a entender que o Espírito já falava à consciência de
Saulo antes de ter este recebido a visão celestial. A
voz da consciência por certo estava dizendo: "Paulo,
não acha que se enganou? Estêvão não tem cara de blasfemador. Os crentes
aos quais você persegue têm vidas puras. Será que eles não têm razão ao afirmar
que Jesus é o Messias?” No
início, Saulo deve ter rejeitado tais sugestões. Deviam ser do próprio Satanás,
procurando desviá-lo de cumprir seu dever. As dúvidas, no entanto, continuavam
dando origem a uma cruel luta interior. Pela misericórdia de Jesus elas
chegaram ao fim no momento da visão. Saulo realmente sofria na sua luta contra
os aguilhões da consciência.
As Instruções Celestiais (At
9.6-8)
1. Uma comissão pedida.
"Senhor, que queres que
faça?" (At 22.10). As palavras indicavam uma entrega incondicional ao
Cristo glorificado que lhe apareceu. Tinha sido dominado pela "iluminação
do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Co 4.6; Ap 1.16,17; cf. Lc 22.61,62). As palavras revelam,
outrossim, o caráter enérgico de Paulo. Sempre pronto
para o serviço. A entrega a Cristo que fez naquele instante caracterizou toda
a sua carreira missionária.
2. Uma comissão concedida.
"Levanta-te, e entra na cidade, e
lá te será dito o que te convém fazer". Saulo, cego dos olhos físicos, foi
levado pela mão até Damasco. Pretendia entrar na cidade como representante do
Sinédrio e ser recebido com distinção e honra. No entanto, sua entrada foi bem
diferente: ferido, abatido, trêmulo e já não ardia em fúria contra os crentes.
Pelo contrário, estava disposto a aprender humildemente com o mais simples
cristão.
3. Uma comissão mudada.
"E Saulo levantou-se da terra..."
Caíra por terra como judeu orgulhoso e cruel. Levantou-se como crente
humilhado e quebrantado. Num só momento, Cristo o transformara de feroz fariseu
em verdadeiro discípulo. Daquele momento em diante, Saulo era uma nova
criatura em Cristo (2 Co 5.17). Morrera Saulo, o
fariseu; ressuscitara Saulo, o crente. A antiga comissão fora repudiada (At
9.1,2) pois Saulo tinha recebido uma nova (At
26.16-18).
A Bênção Celestial (At 9.919 ־)
1. Uma alma ferida.
A luz celestial temporariamente cegou a
Saulo (At 22.11). Foi providencial, dando a Saulo tempo para meditar sobre sua
nova experiência. Durante três dias, sem comida nem água, dedicou-se à oração.
O aparecimento de Cristo mudou tudo para Saulo. Precisava de tempo e silêncio
para se ajustar à mudança. Seus olhos foram vendados a fim de que os olhos
espirituais se acostumassem à luz recebida.
2.
Um
mensageiro fiel. Após conversar com Saulo, o Senhor apareceu a um discípulo chamado
Ananias. Por seu intermédio, completaria a obra de instruir a Saulo, obra que
Deus começou pessoalmente. Mesmo havendo a possibilidade de instruí-lo, Cristo
lança mão de instrumentos humanos para tal serviço (At 10.3-6). Ananias
recebeu a ordem de ir a certo endereço procurar Saulo e ministrar a ele. O
discípulo ficou assustado ao receber tal ordem (vv. 13,14). Geralmente existe
conexão entre as visões e o estado das pessoas que as recebem. Por isso, é
provável que Ananias, tendo ouvido da comissão de Saulo, orasse pela proteção
da igreja em Damasco. Por certo, não imaginava que sua oração fosse respondida
exatamente daquele modo!
3. A bem-vinda libertação.
Obedientemente, Ananias foi andando
para a casa onde Saulo estava hospedado ־
andou realmente pela fé! A singela fé e obediência de Ananias é demonstrada no seu modo de se dirigir ao antigo
perseguidor: "Irmão Saulo..." Com a imposição das mãos de
Ananias, Saulo foi curado da cegueira. Depois foi batizado na água, e começou
a cooperar na igreja.
Ensinamentos Práticos
1. A comunhão dos seus sofrimentos.
"Por que me persegues?"
Esta pergunta é como espada de dois gumes. Repreende os perseguidores e consola
o povo de Deus. Expressa a contínua presença do Senhor com seus servos. É a
identificação com os seus sofrimentos. Quando qualquer parte do nosso corpo é
ferida, sentimos dores. Assim também o Cristo glorificado fica sendo, mais uma
vez, o varão de dores quando qualquer membro de seu corpo sofre. No dia do
Juízo, os perseguidores não arrependidos ouvirão: "Em verdade vos digo
que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes".
2. O dever da cuidadosa reflexão.
"Por que me persegues?"
Cristo apela à razão do homem. "Vinde então, e argui-me,
diz o Senhor..." Deus quer levar todos a meditarem profundamente sobre a
sua vida e o seu relacionamento com ele.
Oxalá
as pessoas meditassem mais! Males são praticados por falta de reflexão. Por
falta de se entender as consequências ou as verdadeiras razões do que se faz. A
maioria das pessoas são impulsionadas por paixões
cegas. Enquanto isso, seu juízo fica adormecido. "O boi conhece o seu
possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem
conhecimento, o meu povo não entende" (Is 1.3).
3. As consequências de se resistir a Deus. "Duro é para ti recalcitrar contra
os aguilhões". Já explicamos a figura. Vamos considerar as palavras como
parábola do relacionamento entre o homem e seu Criador.
3.1. O boi. Por que o homem é comparado a ele? E um
animal valioso e depende do dono para suprir suas necessidades. Do boi se
exige, com toda a razão, o serviço, que pode ser muito frutífero.
3.2. O aguilhão. O instrumento, por doloroso que seja, é
necessário por causa da natureza obstinada do boi. Quais os aguilhões que Deus
emprega para amansar a natureza rebelde do homem? Bons conselhos de amigos;
sermões bem aplicáveis; aflições; a operação do Espírito Santo sobre a
consciência.
3.3. Os coices. O boi estultamente dá coices quando
sente o aguilhão, que assim dói muito mais. Da mesma forma, há pessoas que
zombam dos bons conselhos, rejeitam exortações, ficam zangadas quando o sermão
ataca seus erros e, embora não possam empregar violência contra o povo de
Deus, o perseguem com calúnias, zombadas e críticas. Mesmo assim, é duro
recalcitrar contra os aguilhões. "O caminho dos transgressores é
áspero". Lutamos contra o nosso próprio bem, quando lutamos contra Deus.
4. A variedade nas conversões. A conversão de Saulo foi súbita,
violenta e espetacular. Muitas conversões são assim. Como o carcereiro de
Filipos, precisam de um terremoto para despertá-los a fim de reconhecerem seu
pecado e a necessidade de salvação. Outras, como Lídia (At 16.14), abrem seu
coração com mais naturalidade às suaves influências do Espírito Santo. O que
Saulo fez de bom para merecer a salvação? Nada. Pelo contrário, estava empenhado em
perseguir a Igreja. Da profundidade da sua experiência podia dizer: "Pela
graça sois salvos". A conversão de Lídia, por outro lado, resultou da sua
piedosa busca por Deus nas reuniões de oração.
A
lição a ser meditada é que Deus trata com os indivíduos de diferentes modos.
Alguém disse com acerto: "O Espírito Santo não tem hábitos". Ele é
livre e soberano em todas as suas operações. Afinal, a questão não é como alguém
foi convertido, e sim, se realmente recebeu a Cristo. Depois, sua vida revelará
a Cristo: "Por seus frutos os conhecereis".
5. O mistério da regeneração. "E os varões, que iam com ele,
pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém" (At 9.7).
"Os que estavam comigo, viram a luz, sem contudo
perceber o sentido de quem falava comigo" (At 22.9). Os homens que
acompanhavam Saulo ouviram um som. Mas não entenderam o que era falado. O
verbo grego "ouvir" tem o sentido de "entender" também. A
tradução depende da regência. Por isso a dúvida que surge em traduções que
colocam "ouvir" em ambas as passagens.
Como
os acompanhantes de Paulo, hoje, os não-convertidos
nada compreendem sobre a vida espiritual: "Ora o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14).
Muitas
pessoas são espiritualmente cegas. A questão é: Desejam ver realmente ou
preferem continuar cegas? A fé é o remédio, porque, em assuntos espirituais, só
vemos depois de crermos.
6. Perguntas da alma despertada. O despertamento espiritual de Saulo foi
evidenciado nas suas duas perguntas: "Quem és,
Senhor?" e "Senhor, que queres que faça?" Estas perguntas servem
como teste do nosso crescimento na graça. Temos desejo de saber mais e mais
acerca de Cristo? Nossa atitude é de obediência, buscando conhecer a sua
vontade para nós?
7.
Da morte para a vida. "E esteve
três dias sem ver..." (v. 9). Jonas passou três dias no grande peixe.
Depois surgiu para um ministério renovado. Cristo ficou três
dias sob a terra e, então, ressuscitou para uma nova vida. Da mesma
forma, os três dias que Saulo passou na escuridão simbolizam a morte de sua
antiga vida e a ressurreição para a nova. Os prazeres anteriores já não
existem. Suas atividades passadas terminaram. Seus velhos amigos se foram. No
silêncio e na escuridão, a nova vida tomava vulto. Nova luz se acendia em sua
alma. A salvação raiava em seu íntimo, e suas forças se reorganizavam para o
cumprimento de novo ministério. Os novos amigos já chegavam à porta. Os dias
de inatividade forçada podem servir para renovação espiritual.
8. Nada é difícil demais para o Senhor. Leia os vv. 10-14, observando como
Ananias parece estar explicando suas dificuldades ao Senhor. Como se Deus não
conhecesse muito bem a Saulo. Ananias, como muitos de nós, achava difícil
considerar um problema muito grande solucionado e é agir com plena fé de que
Deus já removera os obstáculos. Saulo parecia tão fora do alcance da graça
divina! Os melhores servos de Deus, geralmente, eram pessoas que pareciam fora
do alcance da religião.
Se
tivéssemos os olhos de Cristo! Nunca consideraríamos ninguém pecaminoso ou
endurecido demais para a graça salvadora, revelada em Jesus Cristo.
9.
Escolhido para o serviço. "Este é para mim um vaso
escolhido..." O mundo é o campo em que Deus opera. E está cheio dos seus
instrumentos. Cada ser humano pode ser transformado em instrumento de Deus. O
Senhor vê tudo e sabe onde achar vasos para seu serviço. Dois fatos ocorrem nas
conversões: o homem recebe um poderoso Salvador e Deus um servo dedicado.
Podemos testificar que achamos um grande Salvador? E o Senhor? Pode testificar
que, em nós, achou um servo fiel?
10. Sofrimento e serviço. Jesus disse: "E eu lhe mostrarei
quanto deve padecer pelo meu nome". A alegria do Senhor sempre está
conosco. Mas, em um mundo imperfeito como é este, não podemos
imaginar que passaremos a vida sem dificuldades. Quando sofremos por
causa das nossas próprias falhas, isto não é surpreendente. As
vezes, porém, ficamos perplexos quando fazemos o bem, e ainda passamos por
momentos difíceis. Pedro disse: "Se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus" (1 Pe 2.20).
11. Caloroso aperto de mão no escuro. Quanto valeu a Saulo o toque amistoso
da mão de Ananias? E sua voz bondosa? Foi motivo de alegria para o antigo
perseguidor ser chamado "irmão". Desta forma, Saulo soube que os
cristãos já lhe tinham perdoado.
É
só dessa maneira que a obra cristã pode ir adiante. As pessoas necessitam mais
de nossa simpatia do que das críticas. Precisam de um caloroso aperto de mão,
não de olhar frio.
12. "Eis que ele está orando". Ananias não tinha razão de temer um
encontro com o terrível Saulo de Tarso. O Senhor já lhe explicara: "Pois
eis que ele está orando". A oração era uma evidência da conversão de
Saulo. O caráter de Saulo foi marcado, durante todo o seu ministério, pela
incessante oração em prol dos convertidos.
A
nossa conversão traz o selo da oração?
Fonte: EBD AREIA BRANCA
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