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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Lição 11: Ageu — O compromisso do povo da aliança

Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

Lição 11: Ageu — O compromisso do povo da aliança



4º Trimestre de 2012


Título: Os Doze Profetas Menores — Advertências e consolações para a santificação da Igreja de Cristo
Comentarista: Esequias Soares


Lição 11: Ageu — O compromisso do povo da aliança
Data: 16 de Dezembro de 2012

TEXTO ÁUREO


Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas(Mt 6.33).

VERDADE PRÁTICA


A verdadeira profecia liberta o povo da indiferença e do comodismo espiritual.

HINOS SUGERIDOS


111, 394, 406.

LEITURA DIÁRIA


Segunda - 2 Cr 36.23
O rei da Pérsia e o Templo


Terça - Ed 3.10
Lançam-se os alicerces do Templo


Quarta - Ed 4.3
A edificação do Templo


Quinta - Ed 4.23,24
O embargo da construção


Sexta - Ed 5.1,2
Reinicia-se a construção do Templo


Sábado - Ed 6.14
A nação prospera pela profecia

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


Ageu 1.1-9.

1 - No ano segundo do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do SENHOR, pelo ministério do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, dizendo:
2 - Assim fala o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do SENHOR deve ser edificada.
3 - Veio, pois, a palavra do SENHOR, pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:
4 - É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta?
5 - Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
6 - Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário num saquitel furado.
7 - Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
8 - Subi o monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei e eu serei glorificado, diz o SENHOR.
9 - Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por quê? — disse o SENHOR dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.

INTERAÇÃO


O Templo era o símbolo visível da aliança de Deus com o seu povo. Nesse contexto é que aparece Ageu, o primeiro profeta a exercer o ministério no período pós-exílio. Sua mensagem central não poderia ser outra: “Israel, reconstrua o Templo para o Senhor!”. Os judeus estavam indiferentes em relação à obra de Deus, porém através do ministério de Ageu e Zacarias, o Templo foi reconstruído, e conforme a palavra do Senhor, “a glória da segunda Casa será maior que a da primeira”. Como servos do Altíssimo precisamos estar atentos, pois como os israelitas, também podemos negligenciar a obra de Deus e o cuidado com a Casa do Senhor. Que sejamos servos compromissados com o Reino, trabalhando para o seu crescimento aqui na Terra. Coloque suas prioridades em ordem correta, segundo as Escrituras Sagradas.

OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • Conhecer o contexto histórico da vida de Ageu.
  • Elencar os principais problemas encontrado pelos judeus para reconstruir o Templo.
  • Saber que temos responsabilidade diante de Deus e dos homens.
 ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Reproduza o esboço abaixo conforme as suas possibilidades. Utilize-o para introduzir a lição. Explique que o livro do profeta Ageu pode ser divido em duas partes principais: a primeira, “a reconstrução do Templo”; a segunda, “o esplendor futuro do Templo”. Dê ênfase à palavra-chave, pois a profecia de Ageu gira em torno deste tema. Conclua dizendo que devemos encarar a nossa responsabilidade na obra de Deus não como um fardo pesado, mas como um grande privilégio.

ESBOÇO DO LIVRO DE AGEU

Parte I — Reconstrução do Templo (1.1-15)
(1.1) ................................. Introdução.
(1.2-11) ........................... Primeiro oráculo: exortação para a reconstrução do Templo.
(1.12-15) ......................... Segundo oráculo: resposta e compromisso.

Parte II — Esplendor Futuro do Templo (2.1-23)
(2.1-9).............................Terceiro oráculo: compromisso e promessas.
(2.10-23).........................Quarto oráculo: decisões e bênçãos futuras.

COMENTÁRIO


introdução

Palavra Chave
Templo: Espaço ou edifício destinado a culto religioso.

De Joel até Ageu passaram-se mais de 300 anos. A hegemonia política e militar, nessa fase da história mundial, estava com os persas, pois os assírios e babilônios não existiam mais como impérios. Quanto ao pecado de Judá, este não era a idolatria, pois o cativeiro erradicara de vez essa prática. O problema agora, igualmente grave, era a indiferença, a mornidão e o comodismo espiritual dos judeus em relação à obra de Deus.

I. O LIVRO DE AGEU

1. Contexto histórico. No livro de Esdras, encontra-se o relato das primeiras décadas do período pós-exílio. Por isso, é fundamental ler os seis primeiros capítulos do referido livro, para compreendermos o profeta Ageu. O rei Ciro, da Pérsia, baixou o decreto que pôs fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C. Pouco tempo depois, a primeira leva dos hebreus partiu da Babilônia de volta para Judá.

a) Cambises. Ciro reinou até 530 a.C, ano em que faleceu. Cambises, identificado na Bíblia como Artaxerxes (Ed 4.7-23), reinou em seu lugar até 522 a.C. Este, por dar ouvidos a uma denúncia dos vizinhos invejosos e hostis a Judá, decidiu embargar a construção da Casa de Deus em Jerusalém (Ed 4.23).
b) Dario Histaspes. Após a morte de Cambises, Dario Histaspes assumiu o trono da Pérsia (reinando até 486 a.C), e autorizou a continuação da obra do Templo. Ele é citado nas Escrituras Sagradas simplesmente como “Dario” (Ed 6.1,12,13).

2. Vida pessoal. Não há, além do profeta, outro Ageu no Antigo Testamento. O seu nome aparece nove vezes na profecia e duas no livro de Esdras (Ed 5.1; 6.14). Ageu foi o primeiro profeta a atuar no pós-exílio. Seu chamado ocorreu cerca de dois meses antes de Zacarias receber o primeiro oráculo: “no ano segundo do rei Dario” em 520 a.C (1.1; Zc 1.1). O fato de Ageu apresentar-se como “profeta” (vv.1,3,12; 2.1,10) demonstra que os contemporâneos reconheciam-lhe o ofício sagrado. Além dele, apenas Habacuque e Zacarias mencionam o ofício profético em suas apresentações (Hc 1.1; Zc 1.1).

3. Zorobabel. A profecia de Ageu foi dirigida “a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote” (v.1). Sob a sua liderança e a do sacerdote Josué, ou Jesua, filho de Jozadaque, os remanescentes judeus retornaram da Babilônia para Jerusalém (Ed 2.2; Ne 7.6,7; 12.1). A promessa divina dirigida a Zorobabel é messiânica (2.21-23), sendo que a própria linhagem messiânica passa por ele (Mt 1.12; Lc 3.27). Dessa forma, Jesus é o “Filho de Davi”, mas também de Zorobabel.

4. Estrutura e mensagem. O livro consiste de quatro curtos oráculos. O primeiro foi entregue “no sexto mês, no primeiro dia do mês” (v.1) [mês hebraico de elul, 29 de agosto]; o segundo, “no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês” (2.1) [mês de tisrei, 17 de outubro]; o terceiro e o quarto oráculos vieram no mesmo dia, o “vigésimo quarto dia do mês nono” (2.10,20) [mês de quisleu, 18 de dezembro]. A revelação foi dada diretamente por Deus (vv.1,3). Apenas Ageu apresenta com tamanha precisão as datas do recebimento dos oráculos. O tema do livro é reconstrução do Templo. Dos a 38 versículos divididos em dois capítulos, dez falam da Casa de Deus, em Jerusalém (vv.2,4,8,9,14; 2.3,7,9,15,18). Em o Novo Testamento, Ageu é citado uma única vez (2.6; Hb 12.26,27).


SINOPSE DO TÓPICO (I)

O tema do livro de Ageu é a reconstrução do Templo. Dos trinta e oito versículos, dez falam da Casa de Deus em Jerusalém.


II. RESPONSABILIDADE E OBRIGAÇÕES

1. A desculpa do povo. Ageu inicia a mensagem com a fórmula profética que aponta para a autoridade divina (v.2). O povo, em débito que estava com o Eterno (v.2b), em vez de reivindicar o decreto de Ciro para continuar a construção do Templo, usou a desculpa de que não era tempo de construir. Por isso, o Senhor evita chamar Judá de “meu povo”, referindo-se a eles como “este povo”. Em outras palavras, Deus não gostou da desculpa da nação (Jr 14.10,11).

2. Inversão de prioridades (vv.3,4). O oráculo volta a dizer que a Palavra de Deus veio a Ageu (v.3). Ênfase que demonstra ser o discurso do profeta uma mensagem advinda diretamente do Senhor que, inclusive, trouxera Judá de volta a Jerusalém para construir a sua Casa. Mas o povo preocupou-se mais em morar nas casas forradas, enquanto que o Templo, cujo embargo havia ocorrido há 15 anos, continuava em total abandono (v.4). Era uma opção insensata. Os judeus negligenciaram uma responsabilidade que, através do rei Ciro, o Altíssimo lhes atribuíra (Ed 1.8-11; 5.14-16). O desprezo pela Casa do Altíssimo representa o gesto de ingratidão do povo judeu (veja o reverso em Davi: 2 Sm 7.2).

3. Um convite à reflexão. No versículo cinco, vemos um apelo à consciência e ao bom senso, pois é o próprio Deus quem fala. Tal exemplo mostra que devemos parar e refletir, avaliando a situação à nossa volta, percebendo, inclusive, o agir do Senhor.


SINOPSE DO TÓPICO (II)

A responsabilidade e as obrigações devem ser precedidas por uma reflexão cujo bom senso e a consciência permite-nos conhecer o agir do Senhor em nossa volta.


III. A EXORTAÇÃO DIVINA

1. Crise econômica. O profeta fala sobre o trabalhar, o comer, o beber e o vestir como necessidades básicas, pois garantem a dignidade do ser humano. Mas temos aqui um quadro deplorável da economia do país. A abundante semeadura produzia muito pouco. A quantidade de víveres não era suficiente para saciar a fome de todos. A bebida era escassa, a roupa de baixa qualidade e o salário não tinha a bênção de Deus (v.6). Tudo isso “por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa” (v.9). Era o castigo pela desobediência (Dt 28.38-40). Era o resultado da ingratidão do povo. Por isso, o profeta convida a todos a refletir (v.7).

2. A solução. Nem tudo estava perdido! Deus enviou Ageu para apresentar uma saída ao povo. O Profeta deveria levar adiante o compromisso assumido com Deus: subir ao monte, cortar madeira e construir a Casa de Deus. Fazendo isso, o Senhor se agradaria de Israel e o nome do Eterno seria glorificado (v.8). Não era comum o povo e as autoridades acatarem a mensagem dos profetas naqueles tempos. Oseias e Jeremias são exemplos clássicos disso, mas aqui foi diferente. O Espírito Santo atuou de maneira tão maravilhosa, que ocorreu um verdadeiro avivamento e a construção do Templo prosseguiu sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué (v.14).

3. O Segundo Templo. Enquanto isso, na Pérsia, o novo rei Dario Histaspes pôs fim ao embargo. Ele colheu ofertas para a construção e deu ordens para não faltar nada durante o andamento da obra. Ele ainda pediu oração ao povo de Deus em seu favor (Ed 6.7-10). Finalmente, o Templo foi inaugurado em 516 a.C, “no sexto ano de Dario” (Ed 6.15). Esse é o segundo e o último Templo de Jerusalém na história dos judeus. E assim, a presença de Deus no Templo fez da glória da segunda Casa maior que a da primeira (2.9).


SINOPSE DO TÓPICO (III)

A presença de Deus no Templo fez a glória da segunda Casa maior que a da primeira.


CONCLUSÃO

A lição de Ageu tem muito a ensinar-nos. Não devemos encarar a nossa responsabilidade e compromisso como fardos pesados, mas recebê-los como algo sublime. É honra e privilégio fazer parte do projeto e do plano divinos, mesmo em situação adversa (At 5.41). Assim, somos encorajados por Jesus a atuar na seara do Mestre a fim de que a nossa luz brilhe diante dos homens e Deus seja glorificado (Mt 5.16).


VOCABULÁRIO

Hegemonia: Supremacia, superioridade.
Embargo: Impedimento, obstáculo.
Sobrepujar: Exceder, ultrapassar.
Inóspito: Lugar em que não se pode viver.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA


HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
MERRIL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed., RJ: CPAD, 2007.

EXERCÍCIOS


1. Quem embargou a construção do Templo de Jerusalém, e quem depois vetou esse embargo?
R. Cambises, identificado na Bíblia como Artaxerxes (Ed 4.7-23).

2. Quem liderou os remanescentes de Judá no retorno de Babilônia para Jerusalém?
R. Zorobabel e Josué, filho de Jozadaque.

3. Qual o tema do livro de Ageu?
R. A reconstrução do Templo.

4. O que representa o gesto de desprezo peia Casa de Deus?
R. Representa o gesto de ingratidão do povo judeu.

5. O que fez a glória da segunda Casa ser maior do que a da primeira?
R. A presença de Deus.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO


Subsídio Teológico

“Ageu [...]
Ageu censurou os judeus por sua indiferença, e os repreendeu por construírem as suas próprias casas enquanto a casa de Deus era negligenciada. Ele assegurou aos habitantes de Jerusalém que as adversidades que vinham sofrendo eram castigos por sua apatia. Zorobabel foi estimulado a dar a supervisão apropriada à obra que tinham em mãos, e quando parecia que as revoltas na Babilônia podiam ainda ser bem sucedidas, ele parece ter sido considerado como o homem divinamente ungido, que deveria conduzir Judá à independência.

[...] O livro de Esdras passa em silêncio pelo período de cinquenta e sete anos que se seguiram à conclusão do segundo Templo. No império persa, a morte de Dario I, em 486 a.C, foi seguida pela ascensão de seu filho Xerxes (486 - 465 a.C).

[...] Durante este período, a comunidade judaica lutou, com coragem, para sobrepujar a pobreza com que a terra fora assaltada, e esforçou-se duramente para arrancar alguma prosperidade do solo inóspito. Em outro tempo, porém, a orgulhosa capital ainda carregava os sinais de sua humilhação, e embora o Templo estivesse concluído, a cidade ainda permanecia sem muros” (HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, pp.285-86).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO


Ageu: O compromisso do povo da aliança

O nome Ageu significa “festivo”. É possível entender que o profeta tenha nascido em um dia de festa. Pouco se sabe sobre esse profeta, mas acredita-se que por ter esse ministério, era uma pessoa distinta em seus dias. A tradição judaica crê que ele nasceu no cativeiro babilônico, mas que fora orientado na fé a Jeová pelo profeta Ezequiel. Tendo nascido na Babilônia, deve ter retornado a Jerusalém depois do primeiro grupo de exilados, já que seu nome não consta na primeira lista apresentada em Esdras 2.

Passados setenta anos de cativeiro babilônico, os judeus começaram a retomar com o apoio de um decreto que permitia e incentivava seu retorno, sob o governo de Ciro. O templo do Senhor precisava ser reconstruído, e quatorze anos depois, sem que o povo tomasse a iniciativa de reconstruir o local de adoração, Deus advertiu o povo por meio de uma seca e de uma colheita ruim, mostrando que o problema econômico pelo qual os israelitas passavam era fruto do descuido para com as coisas de Deus: “Tendes semeado muito e recolhido pouco; corneis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (Ag 1.6). Era Ele quem dava a chuva e impedia que ela caísse, e Ele também abençoava as plantações, mas também impedia que elas frutificassem.

A profecia de Ageu tem por objetivo motivar os líderes e liderados a não pararem de cuidas das coisas de Deus. Isso seria visto por Deus quando o povo tornasse a contribuir com seus próprios recursos (enviados por Deus, é claro!) para que a Casa do Senhor fosse reparada e tornasse a ser um local de encontro para a adoração do Deus vivo e verdadeiro. Não importa as desculpas que venhamos a dar para atrasar a obra de Deus. Ele espera que seus trabalhos não sejam esquecidos.

Felizmente, o povo ao qual Ageu profetizou aprendeu rápido com aquela profecia. Três semanas depois, eles estavam de volta aos labores para que o templo do Senhor fosse terminado. Ocorre que um mês depois do reinicio dos trabalhos, logo foi perceptível que o novo templo não seria tão grandioso quanto o templo de Salomão. Era um templo menor, e sem dúvida, desprovido dos adornos preciosos dos quais o antigo templo era dotado. Mas isso não deveria servir de elemento para desanimar os israelitas, pois Deus os estava abençoando pela sua obediência. “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.9).

Lição Resumida

sábado, 8 de dezembro de 2012

Lição 11 - A vida Cristã

A vida cristã

 Sábado à tarde    

Ano Bíblico: 1 Timóteo

VERSO PARA MEMORIZAR: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3:16).

Leituras da semana: Dt 8:11-17; Fp 2:3, 4; 1Co 15:51, 52; Ap 22:1-5; Mt 22:39; Gn 2:21-25

Pensamento-chave: Qualquer um pode dizer que é cristão. Porém, o que isso significa, em termos práticos?

Meus irmãos, qual é o proveito, se você disser que tem fé, mas não mostrá-la por suas obras? Pode esse tipo de fé salvar alguém?” (Tg 2:14, New Living Translation [tradução nossa]).

A Bíblia enfatiza a “sã doutrina”, mas essa ênfase está no contexto de uma vida santa (1Tm 1:10; Tt 2:1-5), a fim de salientar que o verdadeiro objetivo do ensino bíblico é uma vida ética, manifestada nas obrigações para com os outros. Na verdade, os textos de Timóteo e Tito ligam a sã doutrina com a vida correta, como se a vida correta fosse em si mesma a sã doutrina!

O cristão é salvo a fim de ser um agente de Deus para a salvação e o bem dos semelhantes, em meio ao grande conflito entre o bem e o mal. A expressão “mente tão voltada para o Céu que não tem utilidade para a Terra”, por mais que seja um clichê, representa uma realidade que os cristãos precisam evitar. Certamente, o Céu é nosso lar definitivo, mas por enquanto, estamos ainda na Terra e precisamos saber como viver aqui.
 
Nesta semana, estudaremos como algumas práticas cristãs devem se manifestar em nossa vida.

Domingo    

Ano Bíblico: 2 Timóteo


Mordomia
Quando pensamos sobre a salvação sendo traduzida no serviço aos outros, não podemos evitar o conceito cristão de mordomia. A Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia define “mordomia” como “a responsabilidade do povo de Deus para com tudo que Deus lhes confiou, e o uso dessas coisas: a vida, o corpo, tempo, talentos e habilidades, bens materiais, oportunidades de ser útil aos outros e o conhecimento da verdade”.

1. Na vida diária, como posso manifestar os maravilhosos princípios ensinados nos textos abaixo? Como essas verdades devem influenciar minha maneira de viver e de me relacionar com os outros, com Deus e com os dons concedidos por Ele?

Dt 8:11-17 | Sl 24:1 | Fp 2:3, 4 | 1Jo 3:16

A Bíblia ensina que o propósito fundamental de toda a criação de Deus é glorificá-Lo. O pecado arruinou essa realidade de modo muito profundo, mas Deus dirigiu Sua ação salvadora para nós, a fim de nos levar a participar novamente, com toda a criação, da glorificação a Deus. Cristo nos comprou por causa da glória de Deus (Ef 1:11-14). Quando reconhecemos em palavras e atos o completo domínio de Cristo sobre nossa vida, glorificamos a Deus. A completa expressão do senhorio de Cristo sobre nossa vida envolve nosso serviço em favor dos outros, por meio do uso do tempo, talentos, habilidades e bens materiais.

Leia novamente os textos para hoje. Quais deles tocam mais seu coração, e por quê? O que o motiva a viver buscando o bem dos outros, bem como o seu próprio? Por que a dedicação da vida aos outros é tão importante para a espiritualidade?
 
Segunda    

Ano Bíblico: Tito


Dízimo: uma pequena parte

“O sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro” (Ne 10:38); “O povo de Israel e os levitas deverão entregar as contribuições...” (Ne 10:39, NTLH).

Pense na brevidade da vida, pense na absoluta inevitabilidade da morte (a menos que Cristo volte antes que ela ocorra). Pense no que significaria se, como muitos acreditam, a sepultura fosse o fim de tudo. Você está aqui, um espasmo de metabolismo celular que vive sua história (muitas vezes com dor, sofrimento e medo), e depois termina. De uma forma ou de outra, quando todas essas células morrem, nada resta, a não ser o corpo, no qual os bichos e bactérias se alimentam, até que eles também morrem.

Com esse destino, em um Universo tão imenso, parece que nosso planeta, e ainda mais nossa vida individual, são tão insignificantes como se não fossem nada além de uma piada cruel, que a maioria não acha engraçada.

Em contraste com esse cenário, considere o que recebemos em Cristo. Pense no que foi oferecido a nós por meio de Jesus. Medite no que o plano da salvação nos diz sobre nosso valor, e sobre o que foi feito por nós para que não tivéssemos que enfrentar o destino descrito acima.

2. O que recebemos em Cristo? O que essas coisas devem significar para nós? Como essas promessas devem afetar cada aspecto da nossa existência? 1Co 15:51, 52; Ap 21:4; Gl 3:13; Ef 1:6, 7; Ap 22:1-5

“Falo do sistema do dízimo. Contudo, como me parece mesquinho à mente! Quão pequeno o preço! Como é inútil o esforço de medir com regras matemáticas o tempo, dinheiro e amor em face de um amor e sacrifício incomensuráveis e que não se podem avaliar. Dízimos para Cristo! Oh, mesquinha esmola, vergonhosa recompensa por aquilo que tanto custou. Da cruz do Calvário, Cristo pede uma entrega incondicional” (Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 4, p. 119, 120).

Depois de tudo que Cristo fez em seu favor, você não pode exercer fé suficiente e devolver a Ele uma pequena parte do que você recebeu?

Terça    

Ano Bíblico: Filemon

A responsabilidade para consigo mesmo

Jesus disse com muita clareza: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39). Um texto muito interessante, à luz da ideia de que, muitas vezes, consideramos o amor a si mesmo como o ponto mais alto de tudo o que se opõe tanto ao cristianismo quanto à ideia do verdadeiro altruísmo.

3. O que Jesus quis dizer com essas palavras? Como podemos interpretá-las e aplicá-las, de maneira que reflita a essência do genuíno cristianismo? Mt 22:39

O amor a si mesmo, no sentido cristão, não é egoísmo, não é se colocar à frente de todos e de qualquer coisa. Ao contrário, o amor a si mesmo significa que, ao entender seu próprio valor diante de Deus, você procura viver da melhor maneira possível, sabendo que os resultados dessa vida beneficiarão não apenas a si mesmo (o que é bom), mas também aqueles com quem você entrar em contato, o que é ainda mais importante.

4. Qual é a relação entre a admoestação de Jesus, acima, e os textos abaixo?

Fp 2:5, 8 | 2Co 5:14, 15 | 1Co 10:31-33 | 1Pe 1:13-16

A redenção que o pecador obtém em Cristo traz tal unidade com Ele (Gl 2:20) que o cristão deseja viver de acordo com os impulsos de Cristo. O pecador deseja ter a mente de Cristo, não viver mais para si mesmo, mas para Ele, e atender ao chamado à santidade (separação de coisas como paixões, tendências pecaminosas da cultura e impureza moral). Se você ama a si mesmo, deseja o que é melhor para si, e o melhor para você é uma vida comprometida com Deus, que reflete o caráter e amor de Deus, vivida para o bem dos outros. O caminho mais seguro para garantir uma existência miserável é viver apenas para si, nunca pensando no bem dos outros.

Pense mais no que significa amar a si mesmo no sentido cristão. É fácil corromper esse tipo de amor, transformando-o em egocentrismo autodestrutivo? Qual é a única maneira de se proteger contra essa armadilha?

Quarta    

Ano Bíblico: Hb 1–3


O casamento cristão

Os seres humanos são seres sociais. Em casa e no trabalho, e em locais públicos e cívicos, as pessoas estão envolvidas em todos os tipos de relacionamentos. O comportamento cristão responsável deve ser evidente em todos esses níveis, e a Bíblia tem princípios relevantes para orientar esses relacionamentos.

5. Qual é a definição bíblica de casamento? Gn 2:21-25; Ml 2:14; Ef 5:28

Hoje se diz que o casamento é difícil de definir, porque o significado do casamento é diferente para pessoas, épocas e culturas diferentes. A Bíblia, porém, não tem essa ideia flexível do casamento. Segundo a Bíblia, o casamento é uma instituição estabelecida por Deus, na qual dois adultos sexualmente diferentes assumem o pacto de compartilhar um relacionamento pessoal, íntimo e duradouro. O casamento bíblico valoriza a igualdade entre homem e mulher. É um profundo vínculo de unidade, em que os objetivos estão harmonizados e há um senso de permanência, fidelidade e confiança. Como ocorre no relacionamento com Deus, a relação entre marido e mulher deve ser guardada de modo sagrado.

Como sabemos muito bem, o casamento, mesmo na igreja, tornou-se algo que é, muitas vezes, tratado com leviandade. As pessoas entram em uma união que eles acreditam que Deus criou, e então, quando as coisas ficam difíceis, se apresentam diante de um juiz humano que, por meio de leis e regras feitas pelo homem, separam o que Deus uniu. Sabemos que algo está terrivelmente errado com esse quadro. No entanto, lutamos para saber o que fazer nessas situações.

Juntamente com as questões da poligamia, concubinato, divórcio, novo casamento, e a prática da homossexualidade, que desafios da sexualidade humana você identifica na sociedade de hoje?

6. Que conselhos fundamentados na Bíblia você pode dar sobre essas questões? (Divida a classe em duplas e peça que os alunos encontrem um texto bíblico sobre o assunto e depois partilhem com os demais.)

Adultério, fornicação e pornografia se espalham na sociedade de hoje, e essas dificilmente são as piores coisas que ocorrem no mundo. No entanto, Deus continua olhando compassiva e misericordiosamente para as falhas humanas. Porém, essas práticas podem e devem ser superadas por meio da graça de Cristo. Os esforços para redimir devem ter um objetivo elevado, a fim de atingir os ideais de Deus, em lugar de buscar justificar e desculpar o pecado, utilizando uma série de desculpas e restrições culturais.

Quinta    

Ano Bíblico: Hb 4–6

Conduta cristã
 
Além da família, o cristão tem outros relacionamentos sociais e profissionais, um claro reconhecimento da visão bíblica de que os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo (Jo 17:14-18).

7. Considere as seguintes três áreas da vida cotidiana e comente sobre as responsabilidades do cristão no que diz respeito ao estilo de vida e comportamento:

I) Relacionamento entre patrão e empregado (Tg 5:4-6; Ef 6:5-9). Além de considerar os empregados como iguais em Cristo, o empregador cristão deve ser guiado pelo princípio de que o trabalho adequado exige compensação adequada. Por outro lado, os trabalhadores cristãos também devem resistir à tentação de ser preguiçosos no trabalho.

“Os pais não podem cometer pecado maior que permitir que seus filhos nada tenham para fazer. As crianças aprendem logo a amar a ociosidade, e se tornam homens e mulheres inúteis e ineficientes. Quando tiverem idade suficiente para ganhar sua subsistência e achar ocupação, trabalharão de modo negligente e preguiçoso, e contudo esperarão ser remunerados como se fossem fiéis” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 345).

II) Deveres cívicos (Rm 13:1-7). Os cristãos colocam Deus em primeiro lugar em todas as coisas e avaliam todas as ações e responsabilidades a partir dessa perspectiva. Por essa razão, o cristão se oporá, por exemplo, a toda discriminação, sob qualquer forma, mesmo que seja sancionada oficialmente. Ao mesmo tempo, “a lealdade a Deus em primeiro lugar não autoriza ninguém a se tornar independente e criar desarmonia social e caos. Os cristãos pagam impostos, participam dos deveres cívicos, respeitam as leis de trânsito e de propriedade, e cooperam com as autoridades civis em restringir ou controlar a criminalidade e violência” (Handbook of Seventh-day Adventist Theology [Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia]; Maryland, Review and Herald Publishing Association, 2000, p. 701).

III) Responsabilidade social (Is 61:1-3; Mt 25:31-46). Comente a seguinte declaração à luz dos textos citados acima: “O cristão pode exercer sua vocação de buscar o reino de Deus se, motivado pelo amor ao próximo, prossegue em seu trabalho nas comunidades morais da família e da vida econômica, cívica e política. ... Somente pelo envolvimento no trabalho cívico em prol do bem comum, pela fidelidade na vocação social, é possível ser fiel ao exemplo de Cristo” (H. Richard Niebuhr, Christ and Culture [Cristo e a Cultura]; HarperCollins Publishers, 1996, p. 97).

Em seu trabalho e interação social, as pessoas conseguem detectar seus valores cristãos? Seja honesto com você mesmo (não importa quanto isso seja doloroso!). Que aspectos de sua vida atraem pessoas à sua fé? O que sua resposta diz sobre sua maneira de viver?

Sexta    

Ano Bíblico: Hb 7–9


Estudo adicional

Leia da Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Nisto Cremos, edição de 2010, capítulos 22 e 23; e de Miroslav M. Kis, “Estilo de Vida e Comportamento do Cristão”, em Raoul Dederen (editor), Handbook of Seventh-day Adventist Theology [Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia], p. 675-723.

“O sistema de doação foi ordenado a fim de evitar o grande mal: a avareza. Cristo viu que, no desempenho dos negócios, o amor às riquezas seria a maior causa da eliminação da verdadeira piedade do coração. Ele viu que o amor ao dinheiro se congelaria profunda e solidamente no coração humano, fazendo parar o fluxo de generosos impulsos e bloqueando seus sentimentos às necessidades dos sofredores e aflitos” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 547).

“Se alguém possui saúde e energia, esse é seu capital, e ele precisa fazer correto uso dele. Se despende horas em ociosidade e desnecessárias visitas e conversas, é relapso nos negócios, o que a Palavra de Deus proíbe. Esses têm um trabalho a fazer para prover suas famílias e pôr de parte meios, para fins caritativos, conforme Deus os prosperar (1Co 16:2).

“Não fomos postos neste mundo meramente para cuidar de nós mesmos, mas somos chamados a ajudar na grande obra da salvação, imitando assim a vida de Cristo, abnegada, altruísta e útil” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 325).

Perguntas para reflexão
 
1. A questão do casamento e o divórcio é motivo de grande preocupação, como deveria ser, tendo em conta que o divórcio é tão excessivo em alguns países. Como podemos aplicar o claro ensino da Bíblia, ao abordar esse tema? Se aplicássemos os ensinamentos de Jesus de maneira mais rigorosa, as pessoas estariam menos propensas ao divórcio? Comente essa questão.
2. Pense mais na questão do dízimo. Alguns argumentam que deveriam ser livres para dar o dízimo a quem quisessem, em vez de utilizar os canais do corpo da igreja organizada, da qual são membros. Qual é o grande perigo dessa atitude?

Respostas sugestivas: 1. Lembrando que as bênçãos vêm de Deus e devem ser usadas para Sua glória; sendo fiel ao Senhor; colocando o interesse dos outros acima dos meus; dedicando a vida para salvar pessoas. 2. Esperança de ressurreição e transformação; libertação das lágrimas, morte, tristeza, dor e da maldição da lei; perdão e vida eterna, na presença de Deus; essas promessas devem nos levar a testemunhar do amor de Deus. 3. Assim como amamos e cuidamos de nós mesmos, devemos amar nosso próximo. 4. Se Jesus Se humilhou por amor aos outros, devemos igualmente ser humildes ao lidar com o próximo; Jesus Se tornou igual a nós; não devemos nos sentir superiores aos semelhantes; devemos dar a vida pelos outros; assim glorificamos a Deus. 5. A união entre o homem e a mulher, quando deixam o pai e a mãe e se tornam uma só carne; aliança vitalícia de fidelidade matrimonial; uma união de amor em que o marido deve amar sua mulher como ao seu próprio corpo. 6. Dê três minutos a cada dupla para essa atividade, e depois conceda um minuto a cada uma delas, para mencionar os textos encontrados. 7. Sugestão: divida a classe em três grupos, dê a cada um deles duas tarefas: (1) examinar uma das três responsabilidades citadas e (2) sugerir coisas que podem ser feitas para cumprir essas responsabilidades.

Fonte: Lições da Escola Sabatina Adulto

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Lição 10 = A lei e o Evangelho

Lição 10   -    1º a 8 de dezembro

A lei e o evangelho


Casa Publicadora Brasileira – Lição 1042012

 Sábado à tarde Ano Bíblico: Gl 4–6

VERSO PARA MEMORIZAR: “Ora, sabemos que O temos conhecido por isto: se guardamos os Seus mandamentos. Aquele que diz: Eu O conheço e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1Jo 2:3, 4).

Leituras da semana: Sl 19:7, 8; Êx 23:1-9; 1Jo 5:3; Rm 3:19, 20; Êx 20:11, 12; Dt 5:15

Pensamento-chave: A lei moral de Deus revela nosso pecado e, assim, nossa necessidade de um Salvador. A lei e o evangelho são, portanto, inseparáveis.

A lei e o caráter de Deus são centrais no grande conflito e, quando a batalha finalmente acabar, a lei e o caráter de Deus serão vindicados perante o Universo expectante. Até lá, o conflito será travado, e, como seres humanos, terminaremos de um lado ou de outro, e o lado que escolhermos determinará o mestre que seguiremos. Nas palavras de Bob Dylan, “Você terá que servir a alguém. Bem, pode ser o diabo ou pode ser o Senhor. Mas você terá que servir a alguém.”

Os que decidem servir ao Senhor, o fazem por amor e apreciação pelo que Cristo fez por eles. Tendo sido sepultados com Cristo pelo batismo na Sua morte, eles sabem que o corpo do pecado foi destruído, de modo que eles não precisam mais servir ao seu antigo mestre, o pecado, mas agora receberam a liberdade para obedecer a Deus e à Sua lei.

Na lição desta semana, estudaremos a natureza da lei, sua finalidade e sua relação com as boas-novas da graça salvadora de Deus. Pois, corretamente entendida, a lei de Deus ajuda a revelar justamente o que a graça de Deus nos ofereceu em Cristo.

Domingo Ano Bíblico: Ef 1–3

Leis e normas divinas

A palavra hebraica torá é usada frequentemente no Antigo Testamento e é, muitas vezes, traduzida como lei. O Novo Testamento usa a palavra grega nomos (lei) para traduzir torá, que significa “direção” ou “orientação”. Visto que a Bíblia é um registro do relacionamento de Deus com os seres humanos, a lei na Bíblia geralmente se refere a todas as instruções de Deus para Seu povo. Sendo que Deus é bom e justo, guia e instrui Seu povo em bondade e justiça, com razão supomos que a lei revela Sua bondade e justiça. Ou, como gostamos de dizer, a lei é um reflexo do caráter de Deus.
 
1. O que a Bíblia nos diz sobre a lei e, em última instância, sobre Deus? Sl 19:7, 8; Rm 7:12; Sl 119:151, 152, 172

Foi por meio da Bíblia que Deus Se revelou explicitamente para a humanidade. Quando lemos o texto sagrado, deparamo-nos com uma abundância de materiais que são, basicamente, orientações ou instruções que abrangem muitos aspectos da vida humana: moral, ética, saúde, sexualidade, alimentação, trabalho, etc. Algumas dessas instruções são claramente universais, enquanto outras parecem ser mais limitadas no tempo e no espaço. Mas visto que todas são instruções de Deus (torá), muito cuidado é necessário no desenvolvimento de princípios que nos ajudem a entender o que é universal e o que é limitado. Os adventistas do sétimo dia e muitos outros grupos cristãos geralmente fazem uma distinção entre as leis “cerimoniais” (regulamentos que ensinam o plano da salvação por meio de símbolos e práticas rituais), “leis civis” (instruções relativas à vida comunitária do antigo Israel), e leis “morais” (instruções acerca do padrão divino de conduta para a humanidade).
O livro de Levítico apresenta grande quantidade de leis cerimoniais, especialmente no que diz respeito ao serviço do santuário e seus rituais. A natureza das leis civis e o princípio da justiça subjacente a elas podem ser vistos, por exemplo, em Êxodo 23:1-9. Depois, há a lei moral, os Dez Mandamentos, ainda considerada pela maioria dos cristãos (pelo menos em teoria) como a lei de Deus para toda a humanidade.

Examine Êxodo 23:1-9. Que princípios morais universais podemos tirar do que foi dado especificamente ao antigo Israel?

Segunda  Ano Bíblico: Ef 4–6

A lei moral hoje

A maioria dos cristãos afirma que os Dez Mandamentos são o código moral universal de Deus. Esse conceito é visto, por exemplo, em várias batalhas legais nos Estados Unidos, nas quais os cristãos têm procurado colocar os Dez Mandamentos em vários lugares públicos, especialmente em escolas públicas. Anos atrás, o Alabama foi envolvido em uma batalha legal envolvendo um juiz estadual que se recusou a remover um monumento dos Dez Mandamentos de um tribunal, apesar das ordens para removê-lo, dadas por uma instância superior. Na mente de muitos, os Dez Mandamentos, longe de estar invalidados, permanecem sendo o padrão legal de Deus para a moralidade, e com boa razão. Para começar, embora o Decálogo (os Dez Mandamentos) tenham sido codificados no Sinai, o livro de Gênesis sugere que a maioria dos mandamentos era conhecida antes desse tempo.

2. O que a Bíblia diz sobre a existência da lei antes do Monte Sinai? Gn 35:1-4; 2:3; 4:8-11; 39:7-9; 44:8; 12:18

Por razões lógicas, não faz sentido que os Dez Mandamentos tenham sido simplesmente uma instituição judaica, destinada unicamente a um determinado povo em determinado tempo e lugar. Não é verdade que as questões morais, como furto, assassinato, adultério e idolatria são problemas universais, independentemente da cultura? Além disso, quando a Bíblia afirma, de modo muito claro, que o pecado é definido pela lei (Rm 7:7), a noção da anulação ou substituição da lei é uma posição incoerente para um cristão que crê na Bíblia.

3. O que o Novo Testamento nos diz sobre a perpetuidade da lei de Deus? Tg 2:11; 1Jo 2:3, 4

O texto de 1 João 5:3 diz que a obediência aos mandamentos de Deus é uma expressão do nosso amor por Ele. O que significa isso? Por que a obediência aos mandamentos é uma expressão desse amor?

Terça  Ano Bíblico: Filipenses

A lei e o evangelho

Embora muitos entendam que os Dez Mandamentos continuam sendo obrigatórios para os cristãos, o papel que eles desempenham no plano da salvação pode se tornar confuso. Se não somos salvos pela obediência à lei, então qual é o seu propósito?

4. Qual é o papel da lei na vida dos que são salvos pela graça?
Rm 3:19, 20 | Sl 119:5, 6 | Rm 7:7

A lei nunca foi planejada para ser meio de salvação. Por meio da obra do Espírito Santo, a lei cria no pecador a necessidade da graça (o evangelho) de Cristo. Ao apontar o que é certo, o que é bom, o que é verdade, os que ficam aquém desse padrão (e todos nós ficamos), percebem sua necessidade de salvação. Nesse sentido, a lei aponta para nossa necessidade do evangelho e da graça. Essa graça nos vem por Jesus. Mesmo no Antigo Testamento, a função da lei foi mostrar nossa necessidade de salvação. Ela nunca foi um meio de proporcionar essa salvação.

“Perguntar se a lei pode trazer salvação é fazer a pergunta errada, no que se refere ao ensino das Escrituras, no Antigo e no Novo Testamentos! A Bíblia nunca afirma, implica e nem mesmo sugere que esse em algum momento tenha sido o caso. [...]

“Outro erro é argumentar que o escritor de Hebreus (10:1-4) tenha corrigido a lei, como se ela tivesse ensinado que ‘o sangue de touros e de bodes [pudesse] tirar pecados.’ ... Os sacrifícios eram figuras, tipos e modelos do único perfeito sacrifício que havia de vir” (Walter C. Kaiser, Five Views on Law and Gospel [Cinco Opiniões Sobre a Lei e o Evangelho]; Michigan, Zondervan, 1993, p. 394, 395).

Olhe ao redor o que a violação da lei de Deus causou à humanidade. Sua vida foi afetada pela transgressão da lei de Deus? O que sua resposta diz sobre a relevância da lei ainda hoje?

Quarta   Ano Bíblico: Colossenses

O sábado e a lei

Como vimos na lição de segunda-feira, muitos cristãos ainda acreditam no caráter obrigatório da lei de Deus. Enquanto aceitarmos a realidade do pecado, será difícil ver como alguém poderia acreditar em algo diferente.

No entanto, como sabemos muito bem, a questão do dever cristão para com a lei repentinamente fica muito sombria, quando surge a questão da obediência ao quarto mandamento, especificamente no que diz respeito ao sétimo dia. Na verdade, a ironia é que o juiz que se envolveu em dificuldades por sua insistência em colocar o monumento dos Dez Mandamentos num tribunal do Alabama, estava transgredindo essa lei porque, por mais rigoroso que ele fosse na guarda do domingo, não estava guardando o mandamento bíblico de descansar no sétimo dia. Se aceitarmos o que a Bíblia diz, de acordo com Tiago, “qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2:10). Portanto, o juiz era culpado de violar todos os preceitos da lei que ele insistia em deixar no tribunal!

Êxodo 20:9, 10 explica o mandamento do sábado. O texto é cuidadoso em salientar quando ocorre o sábado (no sétimo dia), e como ele deve ser observado (cessação do trabalho regular de todos sob o mesmo abrigo) a fim de que sua santidade seja mantida. “O sábado não é retratado como um dia de recuperação dos muito fracos para continuar trabalhando dia após dia, sem descanso, mas como uma parada boa para todos, com o objetivo de focalizar novamente a santidade (todas as preocupações que decorrem de pertencer a Deus: isso é a essência da santidade), a fim de desfrutar as bênçãos de Deus para esse dia, e o seu potencial” (Douglas K. Stuart, The New American Commentary, Êxodo, v. 2; Broadman & Holman Publishers, 2006, p. 460).

5. O potencial espiritual do sábado está incorporado no que ele simboliza. Qual é o significado espiritual do sábado? Como sua experiência com o sábado o ajudou a apreciar melhor esse significado? Êx 20:11; Dt 5:15; Êx 31:13; Ez 20:20; Hb 4:3-9

Quinta  Ano Bíblico: 1 Tessalonicenses

O sábado e o evangelho

Na última pergunta da lição de ontem, examinamos tanto Êxodo 20:11, 12 quanto Deuteronômio 5:15. O que vemos ali é o sábado apontando duas ideias: criação e redenção, dois conceitos muito fortemente ligados na Bíblia. Deus não é somente nosso criador, mas também nosso redentor. Essas duas importantes verdades espirituais se tornam claras a cada semana, a cada sétimo dia, quando descansamos no sábado, “segundo o mandamento” (Lc 23:56), assim como fizeram “as mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus” (Lc 23:55).

6. Qual é a ligação entre a função de Jesus como criador e Seu papel como redentor? Cl 1:14-16; Jo 1:1-14

Visto que a lei divina é tão sagrada quanto o próprio Deus, unicamente um Ser igual a Deus poderia fazer expiação por sua transgressão. Ninguém, a não ser Cristo, poderia redimir da maldição da lei o homem decaído, e levá-lo novamente à harmonia com o Céu (Ellen G. White, A Maravilhosa Graça de Deus [Meditações Matinais, 1974], p. 40). Apenas como Criador, como Alguém igual a Deus e como Aquele que tinha feito “todas as coisas” (Jo 1:3), Jesus poderia ser o redentor da humanidade caída.

Ao apontar Cristo como nosso criador e redentor, o sábado é um poderoso símbolo do evangelho da graça. Na verdade, nosso descanso no sábado revela que nós, de fato, não somos salvos pelas obras da lei, mas pelo que Cristo fez por nós. Assim, o descanso do sábado se torna um símbolo do descanso que temos em Jesus (Hb 4:3-9).

Salvação também é restauração, recriação, um processo que não apenas começa agora, quando aceitamos Jesus (2Co 5:17; Gl 6:15), mas que culmina com a recriação dos céus e da Terra (Is 65:17; Ap 21:5). Esses versos mostram ainda mais claramente como a criação e a redenção estão ligadas, e essas duas verdades fundamentais são incorporadas no mandamento do sábado.

Uma coisa é dizer que você é guardador sábado, e até mesmo descansar no sábado. Os escribas e fariseus faziam isso. Mas outra coisa é experimentar a plenitude e riqueza do sábado. Como você tem guardado o sábado? O que você poderia fazer para aproveitar mais as bênçãos físicas e espirituais oferecidas nesse dia?

 Sexta Ano Bíblico: 2 Tessalonicenses

 Estudo adicional

Leia de Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 440-488: “Apelo à Igreja”; O Grande Conflito, p. 433-450: “A Imutável Lei de Deus”.

“Deus gostaria que compreendêssemos que Ele tem direito à mente, alma, corpo e espírito - a tudo que possuímos. Somos Seus pela criação e pela redenção. Como nosso Criador, Ele requer nosso inteiro serviço. Como nosso Redentor, tem uma reivindicação tanto de amor como de direito - uma reivindicação de amor sem paralelo. ... Nosso corpo, nossa alma, nossa vida, Lhe pertencem, não apenas porque são livre dom de Sua parte, mas porque Ele nos supre constantemente com Seus benefícios e nos dá força para usarmos nossas faculdades. ...” (A Maravilhosa Graça de Deus [Meditações Matinais, 1974], p. 243).

“A todos quantos recebem o sábado como sinal do poder criador e redentor de Cristo, ele será um deleite. Vendo nele Cristo, nEle se deleitam. O sábado lhes aponta as obras da criação, como testemunho de Seu grande poder em redimir. Ao passo que evoca a perdida paz edênica, fala da paz restaurada por meio do Salvador. E tudo na natureza repete o Seu convite: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11:28, RC; O Desejado de Todas as Nações, p. 289).

Perguntas para reflexão

1. Jeremias 31:33 diz: “Esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei; Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo.” Alguns tentam usar esse texto para mostrar que a lei (ou, realmente, o sábado do sétimo dia) foi revogada sob a nova aliança. O que há de errado com essa linha de raciocínio? De fato, de que modo esse texto reforça a posição adventista do sétimo dia a respeito da lei, incluindo o sábado?
2. Visto que acreditamos que a lei, incluindo o sábado, deve ser guardada, por que devemos ter cuidado para não cair na armadilha do legalismo? Pergunte aos alunos o que é legalismo e como podemos evitá-lo.
3. Pense no papel da lei no grande conflito. Por que, em seu ataque à lei de Deus, Satanás decidiu combater o mandamento do sábado de modo especial? Por que essa foi uma estratégia “brilhante” de sua parte?

Respostas sugestivas: 1. A lei é perfeita, fiel, justa, pura, santa, boa, verdadeira e eterna. 2. Jacó mostrou que a idolatria é pecado; o sábado foi santificado na criação; o homicídio foi condenado; José declarou que o adultério é pecado; os irmãos de José sabiam que furtar é pecado; Faraó indicou que mentir é errado. 3. É importante guardar todos os mandamentos da lei; a obediência à lei é uma evidência de que conhecemos a Cristo; dizer que conhece a Cristo e não guardar os mandamentos é ser mentiroso. 4. A lei nos faz conhecer o pecado e nos mostra o caminho da vida. 5. O sábado é um memorial da criação e nos lembra de que temos um Criador; é um sinal da libertação do pecado e de que o Senhor nos santifica; o sábado significa descanso espiritual em Cristo. 6. Jesus tem poder para criar e somente Ele tem poder e autoridade para recriar, por meio do plano da redenção; nossa origem dependeu da criação e nosso futuro depende da redenção.





segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Lição 10: Sofonias — O juízo vindouro

Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos

4º Trimestre de 2012

Título: Os Doze Profetas Menores — Advertências e consolações para a santificação da Igreja de Cristo

Comentarista: Esequias Soares

Lição 10: Sofonias — O juízo vindouro

Data: 9 de Dezembro de 2012

TEXTO ÁUREO

“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).

 VERDADE PRÁTICA

 No juízo vindouro, Deus há de julgar todos os moradores da terra, de acordo com as obras de cada um.


HINOS SUGERIDOS

275, 300, 371.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Jr 30.7

Um tempo de angústia para Jacó

Terça - Dn 12.1

Daniel profetizou o tempo de angústia
Quarta - Lc 21.25,26

Uma convulsão geral na sociedade

Quinta - 2 Pe 3.10

Os céus passarão com grande estrondo
Sexta - 1 Ts 5.2,3

Um tempo de destruição

Sábado - Mt 25.31,46

O juízo final

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Sofonias 1.1-10.

1 - Palavra do SENHOR vinda a Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá.

2 - Inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra, diz o SENHOR.

3 - Arrebatarei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e os tropeços com os ímpios; e exterminarei os homens de cima da terra, disse o SENHOR.

4 - E estenderei a minha mão contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalém e exterminarei deste lugar o resto de Baal e o nome dos quemarins com os sacerdotes;

5 - e os que sobre os telhados se curvam ao exército do céu; e os que se inclinam jurando ao SENHOR e juram por Malcã;

6 - e os que deixam de andar em seguimento do SENHOR, e os que não buscam ao SENHOR, nem perguntam por ele.

7 - Cala-te diante do Senhor JEOVÁ, porque o dia do SENHOR está perto, porque o SENHOR preparou o sacrifício e santificou os seus convidados.

8 - E acontecerá que, no dia do sacrifício do SENHOR, hei de castigar os príncipes, e os filhos do rei, e todos os que se vestem de vestidura estranha.

9 - Castigarei também, naquele dia, todos aqueles que saltam sobre o umbral, que enchem de violência e engano a casa dos seus senhores.

10 - E, naquele dia, diz o SENHOR, far-se-á ouvir uma voz de clamor desde a Porta do Peixe, e um uivo desde a segunda parte, e grande quebranto desde os outeiros.

INTERAÇÃO

Se Deus é bom, por que Ele castigará algumas pessoas eternamente? Esta é a indagação de muitos. Nas Escrituras, Deus é descrito como o justo juiz. No Antigo Testamento Ele pronunciou juízos contra Israel e outras nações. Em o Novo Testamento o Altíssimo julgou Ananias e Safira (At 5.1-11). E no fim dessa era o Eterno, através de seu Filho, julgará todos os homens da terra, de acordo com as obras de cada um. Esses fatos demonstram um Deus que ama o bem e odeia o mal. Isso mesmo! A justiça de Deus é uma resposta retumbante contra o mal criado pelo Diabo e praticado pelos homens. O Dia do Senhor vem!

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

    Explicar a estrutura e a mensagem do livro de Sofonias.
    Compreender a linguagem predominante no livro de Sofonias.
    Saber que juízo de Deus é uma doutrina bíblica irrevogável.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor, para a aula de hoje sugerimos que você reproduza, de acordo com as suas possibilidades, o esquema abaixo. Utilize-o logo na introdução para explicar que o livro de Sofonias é predominantemente poético. Ele pode ser dividido em três partes: a primeira, o juízo contra as nações, incluindo Judá; a segunda, a descrição dos povos vítimas do juízo divino e a terceira o juízo de Jerusalém e a restauração do remanescente fiel. Explique que o tema “Dia do Senhor” é o assunto central do profeta Sofonias.


Introdução ......................................................................................................... (1.1)


Silêncio! O Temível Dia do Senhor ..................................................................... (1.2 — 2.3)

   •    O julgamento do Senhor ....................................................................... (1.2,3)

   •    O julgamento contra Judá .................................................................... (1.4-18)

   •    A Chamada para o Arrependimento ................................................... (2.1-3)


Profecias contra as Nações ................................................................................... (2.4-15)

   •    Os filisteus ............................................................................................... (vv.4-7)

   •    Os amonitas e moabitas ......................................................................... (vv.8-11)

   •    Os etíopes ................................................................................................ (v.12)

   •    Os assírios ................................................................................................ (vv.13,15)


Julgamento de Jerusalém ..................................................................................... (3.1-8)

   •    Os pecados de Jerusalém ...................................................................... (vv.1-4)

   •    A justiça divina contra Jerusalém ........................................................ (vv.5-7)

   •    Julgamento de toda terra ...................................................................... (v.8)

Salvação e o Dia do Senhor .................................................................................... (3.9-20)

   •    O remanescente restaurado e Jerusalém purificada ......................... (vv.9-13)

   •    A alegria do povo com Deus ................................................................... (vv.14-17)

   •    Promessas a respeito da restauração final ........................................... (vv.18-20)


COMENTÁRIO


introdução



Palavra Chave

Juízo: Ato, processo ou efeito de julgar; julgamento.


Nesta lição, estudaremos o oráculo de Sofonias. Ele se destaca pela intrepidez do juízo divino contra Judá e os gentios. O profeta anuncia o julgamento universal descrito como a reação de Deus aos pecados cometidos pelos moradores de toda a terra. Sofonias, porém, aborda o julgamento divino numa perspectiva escatológica de restauração.


1. O LIVRO DE SOFONIAS


1. Contexto histórico. Sofonias exerceu o seu ministério “nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá” (v.1). Josias reinou entre 640 e 609 a.C. A reforma religiosa do rei de Judá aconteceu em 621 a.C, “no ano décimo oitavo” do seu reinado (2 Rs 22.3). Quando ocorreu a reforma, Jeremias exercia o ofício de profeta há cinco anos. O seu chamado deu-se “no décimo terceiro ano do [...] reinado” de Josias (Jr 1.2). Esse período corresponde a 627 a.C. É possível que, na reforma, o rei fora encorajado por esses profetas. Evidências internas apontam para um tempo de pré-reforma em Judá, denunciando os desmandos dos reis Manassés e Amom (2 Rs 21.16-24).

2. Genealogia. É comum a menção do nome paterno nos livros dos profetas. Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Joel e Jonas, trazem essa informação. Sofonias, porém, descreve a sua genealogia: “Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias” (v.1). A citação do nome do pai estabelecia o direito tanto à herança quanto à posição social ou aquisição de poder. A ausência de paternidade demonstra que tal profeta não adveio de família tradicional. Sofonias era trineto de Ezequias, que também fora rei de Judá. Isso lhe garantia livre acesso no governo real, bem como noutros segmentos da sociedade.

3. Estrutura e mensagem. Os meios de comunicação dos oráculos divinos aos profetas eram a palavra e a visão. Os porta-vozes do Eterno deixam isso claro no prólogo de seus livros (v.1a). O estilo poético predomina em todo o livro de Sofonias. O oráculo está organizado em três partes principais: a primeira anuncia o juízo contra as nações da terra, incluindo Judá (1.1-2.3). A segunda especifica os povos nesse julgamento global — Filístia, Moabe, Amom, Etiópia e Assíria (2.4-15). E a terceira parte trata do castigo de Jerusalém e da restauração dos remanescentes fiéis (3.1-20). O tema do “Dia do Senhor” ocupa todo o oráculo divino.

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O livro de Sofonias apresenta juízo divino contra as nações e Judá; o julgamento global; o castigo de Jerusalém e a restauração do remanescente fiel.

II. O JUÍZO VINDOURO

1. Toda a face da terra será consumida (v.2). Após o dilúvio, Deus prometeu não mais destruir a terra com água (Gn 9.11-16). Desde então, a palavra profética anunciou o juízo vindouro pela destruição através do fogo (1.18; 3.8; Jl 2.3; 2 Pe 3.7; Ap 16.8). A declaração “inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra” (v.2) refere-se à tragédia global referida em 3.6-8. Note que a expressão “face da terra” é igualmente usada no anúncio da tragédia do dilúvio (Gn 6.7; 7.4).

2. A linguagem de Sofonias. A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste em dar à sua significação uma ênfase exagerada. Ela, porém, aparece na Bíblia e, por isso, alguns expositores veterotestamentários defendem o uso de uma linguagem hiperbólica para o livro de Sofonias. Eles consideram forte demais a descrição do aniquilamento natural de aves, peixes, animais, seres humanos, nações e cidades (1.3; 3.6).

3. Descrição detalhada. É verdade que na Bíblia há o emprego de hipérbole (Mt 11.23; Jo 12.19, etc). Mas não é o caso, aqui, em Sofonias! A descrição “os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar” (v.3) representa o reverso da criação registrada em Gênesis (1.20-26). Ela corresponde à destruição universal e literal da criação (Ap 16.1-21). O dilúvio, por exemplo, foi literal e global, mas a família cie Noé foi salva (1 Pe 3.20), assim como os filhos de Israel foram poupados das pragas do Egito (Êx 9.4; 10.23; Nm 3.13).

SINOPSE DO TÓPICO (II)

A proclamação do juízo vindouro é o anúncio da tragédia global descrita em Sofonias 3.6-8.


III. OBJETIVO DO LIVRO

1. Sincretismo dos sacerdotes. A expressão “quemarins com os sacerdotes” (v.4) aponta para o sincretismo da religião de Israel com o paganismo. “Quemarins” é o plural do hebraico komer usado para “sacerdote pagão” e aparece apenas três vezes no Antigo Testamento (2 Rs 23.5; Os 10.5). Apesar da origem levítica, os sacerdotes estavam envolvidos no sincretismo religioso pagão.

2. Sincretismo do povo. Sabeísmo é a prática pagã dos sabeus; o povo da rainha de Sabá. Seu culto resumia-se na prática de adivinhação e na astrologia. Judá envolveu-se nesse tipo de paganismo (2 Rs 23.5; Jr 8.2; 19.13). Malcã ou Milcom (ARA e TB), ou ainda Moloque (NVI), era o deus nacional dos amonitas (1 Rs 11.5-7). Sofonias denunciou o povo por adorar a Jeová numa cerimônia comum com essa asquerosa divindade (v.5). Isso exemplifica a realidade do ritual sincrético no meio do povo escolhido.

3. O modismo do povo e a violência dos príncipes. Não havia nada de errado em alguém vestir a roupa do estrangeiro. O problema da “vestidura estranha” (v.8) era o compromisso religioso de tal indumentária com o paganismo (2 Rs 10.22). Os príncipes de Judá, provavelmente filhos de Manassés ou Amom (pois Josias era bem novo para ter filhos nessa idade), serão duramente castigados por causa da violência e do engano (v.9). O objetivo do castigo divino é exterminar o baalismo, o sincretismo, as práticas divinatórias e as injustiças sociais.

SINOPSE DO TÓPICO (III)

O objetivo do livro de Sofonias é anunciar o juízo de Deus sobre as nações e as mazelas sociais e religiosas praticadas pela humanidade.


IV. “O DIA DO SENHOR”

1. Significado bíblico. O termo hebraico para “dia” é yom, que pode ser “dia” no sentido literal (Jó 3.3) ou período de tempo (Gn 2.4). Assim, “o dia do SENHOR” (v.7) ou as fraseologias similares “dia da ira do SENHOR” (2.2,3) e “naquele dia” (1.10), indicam o período reservado por Deus para o acerto de contas com todos os moradores da terra (Is 13.6,9; Ez 13.5; Jl 1.15; 2.1). Esse período também é chamado de Grande Tribulação (Ap 7.14). O julgamento de Judá e das nações vizinhas é o prenúncio do juízo vindouro.

2. O sacrifício e seus convidados. A profecia afirma que Jeová “preparou o sacrifício e santificou os seus convidados” (v.7). Aqui, essa sentença é chamada de “sacrifício”, uma metáfora usada pelos profetas para indicar o juízo (Is 34.6; Jr 46.10; Ez 39.17-20). O verbo hebraico para “santificar” é qadash, cuja ideia básica consiste em “separar, retirar do uso comum” (Lv 10.10). Assim, os babilônios foram separados por Deus para a execução da ira divina sobre o povo de Judá (v.10).

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

A expressão o “Dia do Senhor” indica o período para o acerto de contas entre Deus e todos os moradores da terra. Esse período é chamado também de Grande Tribulação.


CONCLUSÃO

O juízo vindouro não é assunto descartável. Os profetas trataram dele, bem como o Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos. Fica aqui um alerta para os promotores da teologia da prosperidade (Fp 3.19-21). Infelizmente, entre muitos cristãos, os assuntos escatológicos são motivos de chacotas e risos. No entanto, Deus não se deixa escarnecer. O seu juízo é certo e verdadeiro e virá sobre todos os que praticam a iniquidade.


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
MACARTHUR JR., J. A Segunda Vinda. 1 ed., RJ: CPAD, 2008.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.


EXERCÍCIOS



1. Qual o tema do livro de Sofonias?

R. O tema é o “Dia do Senhor”.


2. De que trata a declaração: “Inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra” (v.2)?

R. Da tragédia global referida em 3.6-8.

3. O que é hipérbole?

R. É uma figura de linguagem que consiste em dar à sua significação uma ênfase exagerada.

4. Qual o objetivo do castigo divino?

R. É exterminar o baalismo, o sincretismo, as práticas divinatórias e as injustiças sociais.

5. O que indica a forma metafórica da palavra “sacrifício” no versículo sete?

R. O juízo.


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

Subsídio Teológico



“[O Juízo Final]

Não há ninguém na Escritura que possa dizer mais sobre isso do que o Senhor Jesus. Ele advertiu repetidamente a respeito do iminente julgamento dos que não se arrependem (Lc 13.3,5). Ele falou muito mais sobre o inferno do que sobre o céu, usando sempre os termos mais nítidos e perturbadores. A maior parte do que sabemos sobre o destino eterno dos pecadores veio dos lábios do Salvador. E nenhuma das descrições bíblicas do juízo é mais severa ou mais intensa do que aquelas feitas por Jesus.

No entanto, Ele sempre falou sobre essas coisas usando os tons mais ternos e compassivos. Ele sempre insiste para que os pecadores abandonem os seus pecados, reconciliem-se com Deus, e se refugiem nEle para que não entrem em julgamento. Melhor do que qualquer outro, Cristo conhecia o elevado preço do pecado e a severidade da cólera divina contra o pecador, pois iria suportar toda a força dessa cólera em benefício daqueles que redimiu. Portanto, ao falar sobre essas coisas, Ele sempre usou a maior empatia e a menor hostilidade” (MACARTHUR JR., J. A Segunda Vinda. 1 ed., RJ: CPAD, 2008, p.180).


SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Sofonias: O Juízo vindouro

O nome Sofonias significa “o Senhor esconde”. Esse profeta é identificado como sendo descendente de Ezequias. Estudiosos do Antigo Testamento acreditam que esse Ezequias foi o rei que governara Judá aproximadamente setenta e cinco anos antes. Portanto, podemos entender por esses dados que Sofonias tinha acesso à Corte e conhecia o sistema religioso de seus dias. Seu ministério durou de 640-609 a.C, um período histórico em que a Assíria estava em declínio e a Babilônia estava crescendo no cenário internacional. Nesse mesmo período, em Judá, o reino havia se enfraquecido por causa da administração de Manassés, um rei que “fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel” (2 Cr 33.9). A Bíblia diz que Manassés foi preso e levado algemado para a Babilônia, e que lá, arrependeu-se dos males que tinha feito: “fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus” (2 Cr 33.13). Apesar dessa conversão de Manassés ao Senhor, o povo não o acompanhou nessa mudança.

Sofonias profetiza, então, para advertir ao povo que o julgamento de Deus estava para vir. Ele também deixou claro que a nação seria purificada por Deus, que haveria de habitar entre eles. De forma intrigante, Sofonias começa sua profecia com um lamento, mas termina com um cântico de alegria.

Sofonias fala do dia do Senhor. Sua descrição não é da manifestação do Messias, e sim da ira de Deus. Joel (2.31) e Malaquias (4.5) também trata desse tema, e não é por acaso. Sofonias apresenta os pecados que o povo praticava; eles adoravam a Baal, uma divindade cananita; adoravam os elementos da natureza, o sol e a lua, e também as estrelas, desprezando o Criador; eles misturavam a adoração a Deus com a adoração a outras “divindades”; aos poucos, foram abandonando o culto ao Senhor e, finalmente, manifestaram um claro descaso para com a obediência dos preceitos divinos.

Seu ministério profético foi exercido nos dias do rei Josias, um homem que se esforçou muito para que o seu povo se tornasse para Deus. Josias aproveitou o breve momento de baixa ingerência de nações inimigas e buscou um avivamento espiritual, a fim de que o povo mudasse de atitudes e se voltasse para o Senhor, o que só aconteceu depois do exílio de Judá.

Lição Resumida

Fonte Estudantes da Bíblia

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lição 9: O evangelho do Apóstolo Paulo e sua pedagogia


Lição 09


O evangelho do Apóstolo Paulo e sua pedagogia

Texto Áureo

“E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio”. Rm 15.20

Verdade Aplicada

O alvo principal do ensino cris­tão é apresentar a Deus todo homem perfeito em Jesus Cristo.

Objetivos da Lição

►      Mostrar que a pedagogia paulina se ocupa em firmar convicções verdadeiras que proporcionarão estar em paz com Deus e consigo;
►      Revelar a necessidade da cons­tante renovação da mente cristã através do ensino e meditação;
►      Promover na pessoa, a comunhão com Cristo através do aprendizado da Palavra, das virtudes e hábitos mentais sadios.

Textos de Referência

Rm 1.14       Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignoranTs
Rm 1.15       E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.
Rm 1.16       Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Rm 1.17       Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.


Tema Geral: O evangelho, por meio do qual é dada a revelação da justiça de Deus e do elevado destino dos remidos (1:16,17).

1:16    Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.

«...evangelho...» Nas paginas da Bíblia e na literatura antiga encontramos os seguintes usos dessa palavra:

No grego mais antigo, como nos escritos de Homero, significava «recompensa por trazer boas novas» (ver Hom. Od. xii.152).

No A.T. há dois usos: o de «boas novas», propriamente ditas, e o sentido que aparece no grego antigo, conforme dizemos no item 1, acima.

Termo técnico para «boas novas de vitória» (ver Plutarco, Demet. 17, 1:896c).

No culto imperial, esse vocábulo era usado para indicar as proclamações ao imperador divino, as proclamações de «boas novas» que davam vida ou salvação ao povo.

No grego antigo, e também posteriormente, significa «sacrifício oferecido por causa de boas novas» (ver Aristófanes, Eq. 658).

Na Septuaginta(LXX), como também em outras obras gregas de data mais recente, essa palavra indicava as próprias «boas novas» (ver II Rs 18:20,22,25).

No N.T., refere-se às «boas novas de salvação», ao anúncio sobre o reino de Deus, à mensagem de perdão que Deus enviou aos homens, à mensagem sobre toda a nova esperança que Deus forma nos corações dos crenTs Especialmente nos escritos de Paulo, o termo significa «boas novas», sobretudo no que se relaciona com as igrejas: o plano de Deus para a sua igreja, o destino e grande privilégio da mesma, incluindo os meios de salvação, o perdão de pecados, a justificação, etc., como elementos que incluem as boas novas.

De modo geral, pode-se afirmar que a palavra «evangelho» tem atravessado três fases, no decorrer da história, isto é: 1. Nos antigos autores gregos: «recompensa por trazer boas novas». 2. Na Septuaginta e outras obras: as próprias «boas novas». 3. No N.T.. as «boas novas sobre Cristo», ou ainda, os livros neotestamentários que falam sobre essa boa mensagem acerca de Jesus Cristo.

A palavra evangelho, aplicada aos livros de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, como título, não foi empregada pelos seus respectivos autores sagrados, como se esses fossem os títulos daquelas peças literárias. Mas muitos autores posteriores têm chamado esses livros por essa designação, ficando tal nome consagrado pelo uso.

Embora essa palavra, evangelho, signifique a mesma coisa que nos escritos do apóstolo Paulo, o que fica subentendido pelo uso dessa palavra tem um significado muito amplo nas epístolas desse apóstolo, simplesmente por causa de suas exaltadas visões sobre a natureza da igreja (conforme se vê no quarto capítulo da epístola aos Efésios), ou sobre a natureza exaltada do destino dos remidos (segundo se lê no primeiro capítulo da epístola aos Efésios e no oitavo capítulo desta epístola aos Romanos). Em parte alguma das Escrituras o vocábulo «evangelho» tem um significado tão profundo como tem nos escritos de Paulo, pois ali o seu sentido não é somente que os homens são perdoados de seus pecados e passam a ter por herança um lar celeste, mas também que os próprios seres dos crentes estão sendo gradativamente transformados segundo a imagem de Jesus Cristo, e isso tanto em seu aspecto moral (as virtudes e perfeições morais do Senhor Jesus) como em seu aspecto metafísico (a natureza essencial de Cristo, com seus poderes extraordinários sobre o mundo físico e o mundo espiritual).

Os remidos se tornarão a plenitude de Cristo, tal como o próprio Cristo é a plenitude de todas as coisas (ver Ef 1:23, 3:19). Não se pode dizer outro tanto com referência aos anjos. Por conseguinte, o destino dos remidos é muito mais elevado do que o dos anjos, pois haverão de participar os crentes da própria divindade, segundo se depreende claramente de trechos de Rm 8:29 e II Pe 1:4; Cl 2:10.

Ora, isso é boas novas do mais precioso quilate.

Ao receberem tais bênçãos é que os remidos atingirão a verdadeira «vida imortal», a qual consiste do mesmo tipo de vida que Deus possui. Todas essas ideias precisam ser incluídas naquilo que se entende por «boas novas», a saber, a mensagem sobre Jesus Cristo e suas bênçãos, oferecidas aos homens. (Ver Rm 2:16, como uma referência sobre aquilo que Paulo denomina de «meu evangelho», o qual é o mesmo evangelho que ele ministrava aos homens, incorporando as elevadas revelações que haviam sido conferidas a Paulo).

«O evangelho não vem somente em poder (ver I Ts 1:5), mas também é o próprio poder de Deus (ver Rm 1:16). Revela a justiça de Deus e conduz à salvação todos aqueles que creem (ver Rm 1:16,17). Paulo considerava o evangelho como um depósito sagrado (I Tm 1:11). Assim, pois, ele estava sob compulsão divina para proclamá-lo (ver I Co 9:16), e pedia as orações de seus irmãos na fé para que pudesse desincumbir-se de sua tarefa com ousadia (ver Ef 6:19), ainda que isso o sujeitasse a oposições (ver I Ts 2:2) e aflições (ver II Tm 1:8). O evangelho é a 'palavra da verdade' (Ef 1:13); porém, está oculto para os incrédulos (ver II Co 4:3,4), o que requer verificação sobrenatural ou prova racional (ver I Co 1:21-23). Tal como foi através de revelação que o pleno impacto teológico do evangelho chegou a Paulo (ver Gl 1:11,12), assim também é pela resposta da fé que o evangelho irrompe com poder salvador (Hb 4:2)». (The New Bible Dictionary, pág. 484).

Como se usa o termo «evangelho» nas páginas do N.T. É deveras interessante que embora descreva com melhor profundidade as profundezas do evangelho, do que os outros evangelistas, o evangelho de João não contém esse vocábulo. O evangelho de Lucas se utiliza apenas da forma verbal, «evangelizar», em formas gramaticais diversas, por dez vezes. O evangelho de Mateus encerra a forma nominal por quatro vezes, e a forma verbal por uma vez. O evangelho de Marcos estampa a forma nominal por oito vezes, mas nunca usa a forma verbal. O livro de Atos tem a forma nominal por duas vezes, e a forma verbal por quinze vezes. As epístolas de Paulo exibem a forma nominal por sessenta vezes. Esse vocábulo se encontra apenas em outras duas passagens, em todo o resto do N.T., isto é, em I Pe 4:17 e em Ap 14:6. Ao todo, a forma nominal figura por setenta e sete vezes no N.T., dentre as quais ocorrências, sessenta são dos escritos de Paulo. Paulo usa a forma verbal por vinte e quatro vezes. Pode-se perceber com facilidade que o uso que Paulo faz desse termo é tão dominante no N.T. que quase se pode dizer que se trata de um uso caracteristicamente paulino. Sem dúvida alguma foi o apóstolo Paulo quem deu a esse conceito tanto o seu uso mais lato como o seu sentido mais profundo.

«...não me envergonho do evangelho...» Na capital da Grécia, Atenas, ou na capital do império romano, Roma, o evangelho era ridicularizado como produto do fanatismo religioso, não sendo tomado a sério, especialmente no que dizia respeito à sua doutrina da ressurreição. Para os gregos o evangelho representava uma insensatez, enquanto que para os judeus servia de pedra de tropeço, visto que expunha algumas ideias que o antigo judaísmo simplesmente não queria aceitar, sobretudo o conceito do Messias que o apresenta como o «Servo sofredor». (Ver I Co 1:23). Porém, a despeito das ideias dos homens, no Cristo do evangelho residia um poder que Jesus demonstrou amplamente quando de seu ministério terreno, e, supremamente, em sua ressurreição dentre os mortos. As reivindicações apresentadas pelos apóstolos se alicerçavam em seus ministérios miraculosos; e isso significava que o poder do evangelho, na transformação das vidas, existia porque Jesus continuava presente entre eles, por meio do seu Santo Espírito. Portanto, apesar daquela circunstância que agora estava prestes a visitar a sofisticada capital, onde havia a possibilidade da mensagem espiritual de Paulo ser lançada a ridículo, por outro lado ele não sentia pejo, porquanto não cedia a essa provocação, sem importar o lugar onde tivesse de anunciar a mensagem de Cristo. O mesmo poder que havia transformado bárbaros em lugares distantes da capital do império, era o poder que poderia transformar os filósofos gregos e os sofisticados políticos romanos. A suposta novidade do evangelho não diminuía em nada a sua realidade.

«Se voltarmos nossa atenção para as novidades do pensamento, em nosso próprio período de vida, poderemos observar que quase todas as ideias realmente novas se revestem de um certo aspecto de insensatez, quando são apresentadas pela primeira vez». (Alfred North Whitehead).

No dizer de Koppe (in loc.) é como se Paulo tivesse escrito: «Não me envergonharei, nem mesmo em Roma, onde altos dotes literários aparecem em combinação com uma licenciosidade sem freios, e onde, portanto, a doutrina sobre um Salvador crucificado provavelmente nada atrairia senão zombaria, tanto contra ela mesma como contra seus promulgadores. Através desse sentimento, o apóstolo passa suavemente, ‘tamquam aliud agens’, para o assunto que ele queria abordar especificamente, a saber, que é somente por meio de Cristo Jesus que os homens podem ser livrados daqueles castigos por cuja causa tanto os judeus como os gentios, por sua própria culpa, se tinham tornado desprezíveis».

Paulo já havia pregado a Cristo em lugares sofisticados, como em Atenas, Corinto e Éfeso, e sabia como os sábios tinham encarado a sua mensagem. Mas isso não impedira o apóstolo de continuar a falar de Cristo, e esse crucificado, nem criara nele qualquer senso de vergonha por causa dessa atividade, ou por causa de sua mensagem. Ele escreve em Rm 10:11 como segue: «Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido». Por conseguinte, o senso de vergonha, no que diz respeito ao evangelho, indica a falta de fé, ou, pelo menos, uma fé muito imperfeitamente formada. Em contraste com essa atitude, o coração que transborda de fé em Jesus Cristo, o qual, por conseguinte, demonstra possuir apreciação e dar valor ao que Cristo significa para todos os remidos, jamais sentirá vergonha no que diz respeito à pregação que anuncia o sangue expiatório de Jesus Cristo.

E Crisóstomo comentou acerca dessa declaração paulina, como se o apóstolo dos gentios houvesse dito: «Também a vós outros, em Roma: pois embora a vossa cidade seja a senhora do mundo, embora os vossos imperadores sejam adorados como divindades presentes, embora vos sintais enlevados pelas vossas pompas, luxos e vitórias, contudo, não me envergonho da origem aparentemente humilde do evangelho, ao qual prego; pois é o poder de Deus». (Homília iii, pág. 444).

«...porque é o poder de Deus para a salvação do judeu e também do grego...» A palavra «primeiro», que aparece entre «salvação» e «do judeu», que figura em algumas traduções, é omitida pelos manuscritos antigos BG e pela versão latina g, e também não aparece na citação de Tertuliano sobre esta passagem. É bem provável que tal palavra não faça parte do texto original, ainda que, naturalmente, ela seja sugerida pelo contexto, sendo amplamente ilustrada no livro de Atos, onde o evangelho sempre foi anunciado primeiramente aos judeus. (Quanto as razões por detrás do fato do evangelho ser pregado, no N.T., primeiramente aos judeus, ver At 13:5). Naturalmente, não temos aqui meramente a questão que o evangelho sempre era pregado primeiro aos judeus, mas também está em pauta a ideia de que Cristo veio primeiramente para os judeus, e que a salvação lhes foi oferecida primeiro do que aos outros, por serem eles o povo escolhido. O Senhor Jesus, antes de ser o Salvador do mundo, era o Messias dos judeus, como, por semelhante modo, a lei e os profetas pertenciam primeiramente a eles. Isso não significa, entretanto, que a mensagem sobre Cristo e seus resultados não atingissem também aos gentios.

O cristianismo não veio a tornar-se uma religião exclusivista, conforme o judaísmo viera a tornar-se, mas antes, proclamava a universalidade da salvação anunciada em Cristo, e gradualmente derrubou as barreiras raciais que pareciam tão importantes e básicas para o judaísmo. (Quanto a profundidade e intensidade do antigo exclusivismo judaico, em seu ódio cru contra os gentios, ver At 10:28. A leitura desses comentários indicará até que ponto o cristianismo primitivo já havia conseguido modificar essa espécie de ideias judaicas. Ver o trecho de Atos 10:25. que versa sobre como os judeus e os gentios, em Cristo, se tornam um único povo - os remidos. Quanto ao fato que «Deus não faz acepção de pessoas», ver At 10:34.

«...o poder de Deus para a salvação...» Grande parte da atividade humana visa obter poder, e, após essa aquisição, o uso do poder. Aqueles que têm poder de autoridade são os governantes, os senhores da sociedade humana. Existem muitas formas de poder, como o poder físico, o poder mental e o poder espiritual. Os homens, de forma geral, não têm vergonha do poder; mas, bem pelo contrário, ufanam-se do mesmo. Um homem fisicamente vigoroso, ao lado de um homem fisicamente débil, não sente vergonha por ser o mais forte; mas antes, sente certo orgulho físico, sem importar se diz isso ou não. Uma nação poderosa, sem importar se esse poder decorre de suas riquezas ou de suas forças armadas, ou mesmo de suas realizações científicas, não se envergonha disso, mas antes, se enche de brios. Nenhuma dessas formas de poder humano, entretanto, pode transformar uma alma segundo a imagem de Cristo, que é o verdadeiro alvo da existência humana, bem como a grande mensagem central do evangelho cristão. Portanto, vendo Paulo que era apóstolo do poder mais extraordinário de todos, o «poder de Deus», que tem origem divina, e não natural, não se envergonhava.

Entre os homens há muitas modalidades de poder; mas o evangelho, em contraste, é o poder de Deus. E devemos observar que esse poder é benigno, não consistindo de mera demonstração de força. Os poderes humanos com frequência tendem para a miséria e a destruição, mas o poder de Deus tende para a vida e o bem-estar espirituais.

O vocábulo aqui traduzido por «...poder...» é o termo grego dunamis, de onde se deriva nossa moderna palavra «dinamite». Nas páginas do N.T. esse vocábulo é usado para designar poderes miraculosos, a manifestação da onipotência de Deus, uma obra poderosa de alguma modalidade qualquer, a energia divina que só pode ser atribuída à divindade, e não aquilo que poderíamos esperar apenas como produto da natureza humana. Por essa razão é que a proclamação do evangelho é um acontecimento que envolve poder. Deus se utiliza da vida, da morte e da ressurreição de Cristo a fim de salvar os homens.

«...salvação...» A ideia básica, envolvida nessa verdade bíblica, é a ideia do livramento. Trata-se do livramento da tirania do pecado e da degradação da natureza humana decaída, juntamente com as diversas manifestações de poder que os homens, em seu estado decaído, não podem realizar. Muito mais está envolvido nessa «salvação», entretanto, conforme já indicamos páginas atrás. (Ver o trecho de Hb 2:3 sobre a «salvação»).

Consideremos Estes Fatos

O poder de Deus opera através da fé, e o resultado obtido é o maior de todas as obras. (Ver sobre a fé em Hb 11:1).

A fé é um dom e uma operação do Espírito, e seu início se dá quando da conversão (ver Jo 3:3), prosseguindo em suas operações diárias (ver Rm 1:17), sendo também uma virtude (ver  Gl 5:22).

Por ser algo divino e operar por meio do evangelho, e por ser uma provisão divina, o seu resultado também é divino, a saber, a vida eterna, em que os homens chegam a participar da própria forma de vida que Deus tem (ver Jo 3:15 e 5:25,26).

Há poder na palavra da cruz (I Co 1:18), porquanto ali Deus exibiu seu plano de salvação, na expiação de Cristo (ver Rm 5:11).

A fé também envolve certo elemento humano, pois todos os homens podem exercê-la, se não quiserem exercê-la propositalmente. É uma provisão da graça de Deus, dada universalmente em Cristo. A eleição também é uma realidade. A salvação é um empreendimento elevado por demais para ser realizado pelo homem, pelo que deve ser obra de Deus. (Ver Ef 1:4).

«‘O poder de Deus’ não consiste apenas do ‘poder divino’... por meio do qual o próprio Deus opera eficazmente, isto é, salvando o pecador mediante o despertamento para o arrependimento, para a fé e para a obediência». (Philip Schaff, no Comentário de Lange, in loc.).

Variante Textual. - As palavras «de Cristo», depois do vocábulo «evangelho», aparecem nos manuscritos D (3) EGLP sendo seguidos pelas traduções KJ, AC, BR e F. Todas as demais traduções usadas para efeito de comparação por este comentário (catorze ao todo, nove em inglês e cinco em português), omitem essas palavras, seguindo aos manuscritos mais antigos, como Aleph, ABCD(l) EG. Essa adição consiste de pequena glosa, feita por algum escriba, com o propósito de explicar melhor a origem do evangelho.

1:17    Parque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.

Muito se tem dito e escrito sobre a significação da expressão «justiça de Deus». Abaixo damos as principais ideias a respeito:

Essa justiça designaria a natureza intrinsecamente santa de Deus, o seu próprio caráter justo (ver Rm 3:5).

Talvez seja usada no sentido de que Deus vindica a sua justiça, ou seja, torna conhecida qual seja essa justiça.

Todavia essa justiça não é meramente a descrição de um atributo divino, mas também subentende uma espécie de natureza que ele injeta nos remidos. Os homens, uma vez transformados segundo a imagem de Cristo, em sentido bem real e literal participam da santidade de Deus. (Ver Mt 5:48). A passagem de Is 46:13 também contribui para esclarecer esse aspecto, onde lemos: «Faço chegar a minha justiça, e não está longe; a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião o livramento e em Israel a minha glória». Isso indica a doação das perfeições morais aos remidos. E é a agência do evangelho que produz essa natureza moral nova nos homens.

A santidade de Deus se desenvolve nos homens por meio da atuação do Espírito Santo, e essa atuação tem prosseguimento até que os remidos atinjam a perfeição absoluta, quando então os crentes serão santos como é santo o seu Pai celestial. Isso pode envolver a eternidade inteira, mas o processo tem início quando do primeiro exercício da fé em Cristo e em seu evangelho, continuando nas experiências da conversão, da santificação, da regeneração e da glorificação. Essa modificação moral produz a modificação metafísica.

Essa justiça de Deus se manifesta por intermédio da fé, porquanto tem início através do princípio da fé, como também tem continuação e é sustentada pela fé, tudo o que é obra do Espírito Santo, que leva a alma humana a depender de Cristo, conforme já pudemos observar nos comentários relativos ao décimo sétimo versículo deste capítulo. Por conseguinte, a justiça de Deus não se torna realidade por meio de alguma disciplina mental, e nem através de qualquer resolução intelectual, e nem mesmo por qualquer cerimônia religiosa. Mas depende exclusivamente da operação do Espírito de Deus. E, quando a alma de um indivíduo é sintonizada com essa operação, passa a exercer fé. Assim, pois, a fé consiste na sintonização da alma com Deus e seu Cristo, uma total entrega da personalidade inteira a Jesus Cristo, a fim de que possa ser operada na alma a elevada obra divina, descrita no presente versículo.

A justiça de Deus no homem, pois, não é apenas uma declaração legal, que afirme que um homem está perfeito em Cristo; antes, é a produção real dessa retidão no indivíduo. Pois estar perfeito em Cristo é a mesma coisa que ter sido feito com Cristo. E é a esse aspecto de nossa salvação que denominamos de «santificação»,

O adjetivo grego «dikaios» (reto, justo), vem da mesma raiz que deu a palavra «...justiça...», que aparece no presente versículo; e isso ilustra o sentido dessa palavra, a. Esse adjetivo é usado com relação a Deus e a Jesus Cristo. Com relação a Deus: I Jo 1:9; Jo 17:25; Ap 16:5 e Rm 3:26. Com relação a Cristo: I Jo 2:1; 3:7; At 3:14; 7:52 e 22:14. No presente versículo esse vocábulo indica a norma eterna da santidade divina, b. Esse adjetivo, «justo», também é usado com referência aos homens, não meramente para denotar um caráter reto, mas também dando a entender alguma forma de atribuição ou participação na própria santidade essencial de Deus. O termo «justiça» é utilizado como algo possível para a personalidade humana, na passagem de Rm 6:13,16,18,20. Nesse trecho, o contexto mostra-nos que essa justiça decorre de nossa união espiritual com Cristo, na forma de um batismo espiritual, que é a identificação dos crentes com a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, em condições místicas. Em outras palavras, os benefícios da morte de Cristo—morte para o pecado, desvencilhamento completo do poder e efeito do reino das trevas—e os benefícios de sua ressurreição, são produzidos por uma forma de contato real com o Espírito Santo.

Portanto, por justiça devemos compreender o que é feito tanto na justificação como na santificação, os resultados dessas medidas divinas, operados na alma do crente. A forma verbal de «justificar», no grego, é «dikaioo», o que, nas páginas do N.T., pode algumas vezes significar alguma forma de pronunciamento judicial acerca dos direitos que um homem tem de ficar diante de Deus, em Cristo Jesus. Todavia, perderemos inteiramente de vista a ideia da justificação se ignorarmos o fato de que isso também significa fazer justo, não se resumindo a uma mera declaração sobre aquela retidão que decorre da posição correta do crente, diante de Deus, em Cristo.

Por meio da justificação, o indivíduo recebe o «dom da justiça». E é a pessoa que recebe esse dom que reina em Cristo, conforme aprendemos em Rm 5:17. Assim sendo, a justificação não consiste em uma simples declaração estéril que reconhece a legitima posição de alguém em Cristo, mas antes, requer que tal indivíduo se torne verdadeiramente justo. Essa verdade não tem sido vista com muita clareza pela igreja cristã moderna, ainda que, felizmente, aquilo que aqui é comentado sobre a justificação, é transferido para a doutrina da santificação, segundo a maioria dos sistemas teológicos.

«A retidão absoluta, tal como a graça e verdade absolutas, revelou-se pela primeira vez no cristianismo. Trata-se daquela justiça que não somente instaura a lei da letra, e requer a retidão da parte dos homens, e que, em seu caráter de juiz, profere a sentença e mata; mas é igualmente aquilo que finalmente se manifesta na união com o amor, ou seja, a graça divina em forma de retidão, produzindo essa retidão no homem... ou ainda, em suma: A justiça de Deus é a auto comunicação da retidão que procede da parte de Deus, que se torna justiça pessoal na pessoa de Cristo, o qual, em seus sofrimentos, como nossa propiciação, satisfez a justiça da lei (em consonância com as exigências da consciência), e que, mediante o ato da justificação, aplica ao crente, para santificação de sua vida, os méritos da expiação de Cristo». (Lange, in loc.).

«...de fé em fé...» Ver o ponto (IV), acima, que comenta sobre essa frase. (Ver as notas expositivas sobre a «fé», no décimo sexto versículo deste capitulo e em Hb 1:1). Diversas explanações têm sido dadas acerca dessa expressão bíblica, a saber:

Orígenes pensava que isso significa da fé do A.T. para a fé do N.T. Embora não seja esse o sentido central dessas palavras, tal posição contém certa dose de verdade. Pois, na passagem do Antigo para o Novo Testamento houve uma progressão na fé.

Uma modificação dessa ideia é a de Tertuliano, que pensava em uma graduação da «fé legal» para a «fé evangélica».

 Lutero supôs que seria uma passagem da fé fraca para a fé forte. Apesar de ser verdade que isso concorda com a experiência humana, não é isso que está em foco nesta passagem.

Alguns estudiosos têm pensado que seria a graduação da fé como convicção para a fé como sentimento.

Porém, é muito melhor compararmos este versículo com o trecho de Hb 12:2, que diz: «...o Autor e Consumador da fé, Jesus...» Essa expressão, portanto, significa que o crente dá início a essa carreira justa mediante a fé, que a fé é o elemento provocador dessa partida, fazendo parte integrante da conversão, como passo inicial da regeneração, por ser obra do Espírito Santo. É de conformidade com esse mesmo princípio de fé que o crente continua, pois a fé é o agente do desenvolvimento espiritual, criado e mantido pela permanência do Espírito Santo na alma, ensinando-a a depender e a continuar dependendo de Cristo, no tocante à sua vida espiritual. É provável que essa expressão também subentenda haver diversos graus de fé, mas não é essa a sua ideia central. Antes, a vida espiritual, do principio ao fim, é uma vida de fé.

As palavras «...O justo viverá por fé...» formam uma citação extraída do trecho de Hc 2:4, aparecendo também em Gl 3:11 e Hb 10:38, o que faz delas uma norma ou conceito cristão básico. Nas páginas do A.T. essa ideia não aparece relacionada ao conceito da salvação eterna, mas está vinculada à invasão iminente de Israel pelas tropas babilônicas. Embora aquelas hordas terríveis do exército caldeu hajam de avassalar o território de Israel, espalhando a destruição e a miséria, o homem de Deus, o «...justo...», devido à sua fé em Deus, será sustentado em meio a toda essa agonia predita.

Essa confiança intensa em Deus, que protege e sustenta o crente sob tribulações sérias, é utilizada pelo apóstolo Paulo para aludir à fé evangélica em Jesus Cristo, num conceito mais elevado por estar essa fé vinculada à salvação eterna, bem como àquela vida de fé que conduz à mesma, a qual, na realidade, é uma participação preliminar na vida espiritual.

A fé não é nem a causa eficiente e nem a base objetiva da justificação, e, sim, a causa instrumental e a condição subjetiva, da mesma forma que o alimentar-se é a condição para a nutrição. Tal como o poder alimentício se encontra no alimento, o qual, entretanto, deve ser recebido e digerido, antes que possa ter qualquer utilidade, assim também, o poder salvador se encontra na pessoa e na obra de Jesus Cristo, mas se torna disponível para o indivíduo, tornando-se possessão dele, mediante o órgão apropriador da fé. Essa apropriação e assimilação, entretanto, devem ser continuamente renovadas; e é por essa razão que as Escrituras dizem que «O justo viverá de fé em fé». A vida na direção da qual o crente é dirigido pela fé, é a sua vida eterna.

«A fé em Cristo, a confiança na graça de Deus, em Cristo, é o começo da nossa salvação, e permanecerá como seu instrumento até o fim. Por conseguinte, a fé sempre terá de permanecer e de desenvolver-se, e assim nos cumpre crescer de fé em fé, de um grau de luz e poder para outro». (Spencer in loc.).

Paulo lança aqui os alicerces para a negação que a vida e a salvação podem ser adquiridas mediante princípios legalistas. Pelo contrário, a transmissão da vida divina é aqui contemplada.

Bibliografia R. N. Champlin



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