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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Lição 09 - Jacó sobe a Betel e edifica um altar a Deus

Jacó sobe a Betel e edifica um altar a Deus
26 de Fevereiro de 2012 

Texto Áureo

“E edificou ali um altar, e cha­mou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão”. Gn 35.7

Verdade Aplicada

Não haverá nenhuma virtude em nosso despertamento se ele não nos levar a obedecer a Deus.

Objetivos da Lição

►      Ensinar o poder da Palavra de Deus;
►      Mostrar que Deus sempre alcança seu objetivo; e
►      Acrescentar o desejo da busca do avivamento.

Textos de Referência

Gn 35.1     Depois, disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão.
Gn 35.2     Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes.
Gn 35.3     E levantemo-nos e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respon­deu no dia da minha angústia e que foi comigo no caminho que tenho andado.
Gn 35.4     Então, deram a Jacó todos os deuses estranhos que tinham em suas mãos e as ar­recadas que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
Gn 35.5     E partiram; e o terror de Deus foi sobre as cidades que estavam ao redor deles, e não seguiram após os filhos de Jacó.

Ajuda Versículos

Ajuda 1 Visão da Escada

Jacó Volta a Betel (35.1-15)

Jacó tinha permanecido por alguns anos em Siquém como vimos na lição anterior, talvez por causa de vantagens econômicas. Mas parece que foi preciso outra profunda experiên­cia (mística) espiritual, para fazê-lo voltar à sua terra, Hebrom (Gn 37.1). Voltaria para casa, mas antes faria uma parada em Betel, onde edificaria outro altar e receberia mais instruções divinas. Quase trinta anos antes, Jacó tinha feito um voto e uma promessa em Betel (Gn 28.20,21). Agora, ele deveria renovar seus votos e seus propósitos espirituais. Jacó havia comple­tado um ciclo, indo de Berseba a Padã-Arã, e, então, voltou à área de Berseba ou Hebrom, lugares esses onde Abraão e Isaque tinham residido, os quais ficavam a cerca de sessenta quilômetros um do outro. Ver Gn 28.10 quanto à partida de Jacó de Berseba. Jacó havia completado suas peregrinações pelo estrangeiro, e agora era instruído a voltar para casa, cena de uma nova missão.

“Dois temas percorrem o capítulo trinta e cinco: término e correção. Temos aqui uma história de término, porque Jacó estava de volta à Terra Prometida, com sua família e com todas as suas riquezas; a vitória tinha sido ganha, o alvo tinha sido atingido, e a promessa divina tinha tido cumprimento. Mas também temos aqui uma história de correção, porquanto seus familiares não se tinham apegado completamente ao andar de acordo com a fé: ídolos tiveram de ser enterrados, e Rúben precisou ser disciplinado” (Allen P. Ross, in loc.).

Parece que Betel se tinha tornado um santuário, um lugar de peregrinação, e que era um dos centros da crescente nova fé, o Yahwismo.

35.1  Disse Deus. Isso pode ter ocorrido de várias maneiras: 1. por meio de um sonho; 2. mediante algum tipo de experiência mística ou extática, como uma visão; 3. através de uma experiência intuitiva; 4. ele vira o Anjo do Senhor; 5. ou como uma manifestação do Logos, no Antigo Testamento. Por diversas vezes, no decorrer da vida de Jacó, a orientação divina lhe foi dada sob a forma de uma intervenção, por estar ele na linha do Pacto Abraâmico (ver em Gn 15.18). Depois dele, Judá (filho de Lia) tornar-se-ia o próximo elo na corrente que resultou no Messias. O que sucedia a Jacó, pois, era importante para o surgimento da nação de Israel e da linhagem messiânica. Daí por que ele foi homem de muitas visões e de uma iluminação divina específica, alguém que recebia uma orientação toda especial.

As palavras-chave, “disse Deus”, são reiteradas por muitas vezes no livro de Gênesis, provendo um dos motivos mais centrais desse livro, o qual destaca continuamente a providência divina. O nome divino, aqui usado, é Elohim.

Uma Obediência Tardia. Jacó tinha descido de Padã-Arã a fim de voltar para sua terra. Mas acabou demorando-se em Siquém, talvez por razões pecuniárias vantajosas. Então ocorreu o infeliz episódio que envolveu Diná, bem como a horrenda matança dos súditos de Hamor, pelos filhos de Jacó. Jacó poderia ter evitado esse triste lance de sua vida, se tivesse obedecido prontamente, voltando diretamente para sua terra, depois que deixara o territó­rio de Labão.

De Volta a Betel. Ver Gn 12.8; 13.3; 28.19 e 31.13 quanto a referências anteriores a Betel, neste primeiro livro da Bíblia. Jacó tivera uma poderosa experiência mística ali, quando deixava sua terra para ir ter com Labão (Gn 28.11 ss.). Talvez o lugar se tivesse tornado um santuário e lugar de peregrinações. A volta de Jacó ao lugar foi uma espécie de volta às suas raízes espirituais. Foi ali que ele recebeu a confirma­ção do Pacto Abraâmico, e agora haveria de receber outra confirmação desse pacto. Mui provavelmente, Betel se tinha tornado um centro de promoção da nova fé, o Yahwismo. A fé messiânica estava em desenvolvimento, juntamente com a nação de Israel.

Agora, Jacó corria perigo em Siquém, motivo pelo qual era sábio, mesmo à parte de qualquer diretiva divina, abandonar aquele lugar. Jacó havia feito um voto solene em Betel, e embora já se tivessem passado quarenta e dois anos desde então, ele não o esquecera (Gn 31.13). Jacó pode ter caído em um lapso em Siquém, mas nem por isso abandonara o seu propósito. Betel ficava a apenas vinte e quatro quilômetros de distância de Siquém. A indiferença de Jacó para com seu voto (pelo menos por algum tempo) pode ter sido a causa espiritual do incidente que envolveu Diná (Gn 34).

Jacó Tinha Fugido de Esaú. Jacó tinha deixado o lar paterno, em Berseba, por ter furtado de Esaú a bênção de Isaque, e correra o perigo de ser assassinado pelo indignado Esaú (Gn 27.43 ss.). Aquela tinha sido uma crise da qual Jacó escapara sem sofrer represálias, porquanto a presença do Senhor estava com ele. Cada marco importante de sua vida ficou assinalada pela presença de Deus.

35.2  Disse Jacó à sua família. Foi o patriarca, sob orientação do Senhor, que exigiu que houvesse mudanças para melhor. E também foi ele quem disse: “Va­mos a Betel". Deus estava transformando cada vez mais Jacó, para que ele pudesse avançar espiritualmente.

Lançai fora os deuses estranhos. Terá, pai de Abraão, tinha sido um ho­mem idólatra (Js 24.2). Raquel furtara os terafins ou ídolos do lar de Labão (Gn 31.19). Assim, formas de idolatria prosseguiram paralelamente à adoração a Elohim, a despeito do surgimento gradual da nova fé, o Yahwismo. Porém, haveria de chegar o tempo de romper definitivamente com os costumes antigos. Esses costumes só morrem aos poucos, lentamente. A Reforma Protestante foi uma época em que certos segmentos da Igreja abandonaram certas formas de idolatria, embora novas formas não tivessem demorado a tomar o lugar das mais antigas.

Purificai-vos, e mudai as vossas vestes. Isso serviu de símbolo da renova­ção espiritual que estava prestes a ocorrer. Houve um novo começo em Betel. Todo ser humano, sem importar quão espiritual já seja, e sem importar seus empreendi­mentos espirituais, precisa de renovações ocasionais, de novos votos, de um zelo renovado, de uma nova determinação, de novos projetos, de novos costumes e de novas ideias. É fácil para o homem ficar estagnado em velhos costumes, velhas ideias, velhas bases, velhas realizações. Algumas vezes, o que é novo requer uma mudança de localização geográfica, conforme foi o caso de Jacó, neste passo bíblico. Declarou Sêneca: “O que precisamos é de uma mudança de mentalidade, e não de uma mudança de ares (ou seja, de uma nova localização geográfica)”. Todavia, algumas vezes o que é novo também requer uma mudança de ares.

Purificai-vos. Talvez indicando a necessidade de alguma espécie de rito puri­ficador, o que, sem dúvida, fazia parte das práticas religiosas de Jacó. Um costu­me do hinduísmo é que as pessoas devem mudar de roupa antes de adorarem. As roupas de trabalho são trocadas por roupas de adoração.

As coisas aqui mencionadas foram institucionalizadas sob a legislação mosaica. Ver Êx 19.10; Jz 8.24.

A renúncia aos deuses estranhos (Js 24.14-18,23) incluía os terafins ou ído­los do lar (Gn 31.19). É natural que incorporemos costumes e ideias à nossa religião. O sincretismo sempre fará parte da fé religiosa, e todos estamos envolvidos nessa prática, reconheçamos ou não esse fato. A fé religiosa no Brasil é um exem­plo significativo de várias formas de sincretismo. Mas fatalmente chega o dia em que os estrangeirismos, injetados em nossa fé religiosa, precisam fenecer. As roupas precisam ser trocadas. Corpo, alma e espírito (mente) precisam ser purificados.

35.3  Subamos a Betel. Ver Gn 28.11 ss. quanto às experiências passadas de Jacó naquele lugar. Fora em Betel, nos dias de sua pior aflição, que ele teve o sonho-visão da escada cujo topo chegava ao céu (veja na ajuda 1), por onde subiam e desciam anjos de Deus. Jacó tinha erigido ali um altar naquele dia, jurando que se dedicaria ao Senhor. Mas isso havia acontecido muitos anos atrás. As primeiras intenções tinham-se tornado vagas. Ele tinha ido residir no território de Labão; mas, apesar disso, segundo se supõe, não havia abandonado a sua fé. Contudo, não se importara muito com a pureza da fé entre seus familiares, a ponto de tolerar a existência de ídolos. “E quando voltou à sua terra, não foi para Betel, e, sim, para Siquém, um lugar mais ameno” (Walter Russell Bowie, in loc.). Mas agora ele partia para Betel; agora partia para casa; agora haveria purificação e mudança. Se isso tivesse acontecido sete ou oito anos antes, talvez Diná tivesse sido poupada da desgraça pela qual passou, e nunca tivesse havido a matança de Hamor e sua gente, uma desgraça para Jacó e toda a sua família.

No dia da minha angústia. Uma alusão aos dias em que Esaú queria matá-lo, se tivesse permanecido em Berseba, por haver-lhe furtado a bênção de Isaque, por meio de um golpe astucioso (Gn 27.6 ss.). Jacó tinha fugido de Berseba em grande angústia de alma, mas não demorou a ser encorajado por meio de seu encontro com a presença divina, em Betel (Gn 28.11 ss.).

35.4  Os deuses estrangeiros... e as argolas. Ou seja, os terafins que Raquel havia furtado (Gn 31.19), juntamente com os amuletos, os objetos mágicos (as argolas faziam parte da coleção). Alguns estudiosos dizem que não se tratava de argolas usadas pelas mulheres (e por alguns homens hoje em dial), pois seriam argolas para serem postas nas imagens, ou então argolas especiais, usadas pelos idólatras quando se ocupavam em suas cerimônias, mediante as quais honravam a certas divindades. O Targum de Jonathan alude às “argolas usadas nas orelhas dos habitantes da cidade de Siquém, que tinham formas parecidas com os seus ídolos”. Nesse caso, na casa de Jacó tinham sido adotadas essas formas de idolatria. Alguns eruditos incluem aqui cartas astrológicas, mas a astro­logia pertencia mais ao Egito e à Babilônia, requerendo habilidades matemáticas que a família de Jacó dificilmente possuiria.

Agostinho (Epist. 73) mencionou brincos (argolas) tanto de homens quanto de mulheres, que eram usados em certas formas de idolatria e de demonismo.

Aarão fabricou o bezerro de ouro a partir de brincos (e, sem dúvida, de outros objetos), segundo se lê em Êxodo 32.2-4, e a idolatria, eliminada em uma época, é renovada em outra. Israel nunca se viu inteiramente livre, nem está livre a Igreja atual, nem mesmo os crentes individuais.

Debaixo do carvalho. O próprio carvalho (ou um carvalhal) fora transforma­do em lugar de adoração idolátrica, onde presumivelmente se reuniam as divinda­des e onde poderiam ajudar os homens a resolver os seus problemas. É provável que esteja em pauta o carvalho ou carvalhal de Moré, ver em Gn 12.7. Ver também Dt 11.30. Alguns estudiosos não identifi­cam os carvalhos de Gn 12.6,7 com o deste texto. Não há como ter certeza sobre a questão. O carvalho era uma árvore que “com frequência permanecia por muitos anos, antes de ser cortado e usado com propósitos religiosos; pois, como eram tidos em grande veneração, raramente eram cortados” (John Gill, in loc.).

35.5  O terror de Deus. Jacó e seus familiares fugiram, como que para poupar a vida, por haverem os filhos de Israel liquidado os heveus de Siquém. O trecho de Gn 34.30 mostra-nos que Jacó temia ataques, por ter-se tornado “odioso” aos olhos de seus vizinhos. Mas a providência de Deus havia trazido alguma forma de terror sobrenatural que impunha temor aos habitantes da região, os quais também não atacavam a Jacó. Cf. Gn 23.6 e 30.8. Quão frequentemente precisamos de jornadas misericordiosas, mediante a proteção de Deus.

O terror de Deus é “uma expressão derivada da guerra santa (Êx 23.27; Js 10.10), e era um pânico misterioso que paralisava o inimigo” (Oxford Annotated Bible).

35.6  Luz. Esse era o nome antigo de Betel.

Terra de Canaã. Ver Gn 23.19 quanto à experiência anterior de Jacó naquele lugar. O trecho de Juízes 1.26 mostra que os hititas ou heteus tinham ali um centro seu.

Em Betel, Jacó fora livrado de ataques por parte de seus inimigos, e agora estava passando para uma nova fase de sua vida. A obediência aos seus votos haveria de produzir um novo dia.

35.7  E edificou ali um altar. Essa questão de altares tem grande importância no Gênesis. Ver Gn 8.20; 12.7,8; 13.4,18; 22.9; 26.25; 33.20; 35.1,3,7. Mais de quarenta anos antes, Jacó havia erigido um altar naquele lugar. Teria ele soerguido o mesmo altar, ou erigido um novo altar? Tal pergunta fica sem resposta.

El-Betel. No hebraico, Ei-Beth-el, ou seja, “o Deus da casa de Deus”. Jacó havia sido admitido à casa de Deus, e ali viu as maravilhas de Sua graça e providência, além de ter recebido os alicerces para a nova fé. Esse título Deus adotara para Si mesmo (Gn 31.13).

Deus. No hebraico, Elohim. Ali o Senhor tinha aparecido a Jacó. Temos aqui um plural de majestade, que não tem por intuito apontar para o politeísmo.

35.8  Morreu Débora. Ela figura pela primeira vez na Bíblia, sem a menção de seu nome, em Gn 24.59. Ela foi uma escrava de Rebeca, que lhe fora dada para acompanhá-la, desde que viera para casar-se com Isaque. A história de Débora tinha começado em algum ponto não mencionado. Vinha acompanhando a jovem Rebeca, talvez desde o nascimento desta. Nunca se separaram. E, então, ela acompanhou a família patriarcal à Terra Prometida, e, talvez, tivesse sido incorporada à casa de Jacó. É estranho que não tenha sido registrada a morte de Rebeca (embora o seja o seu sepultamento, em Gn 49.31). No entanto, o autor sacro inseriu esta nota sobre a morte de Débora na história da segunda visita de Jacó a Betel. Por quê? Porque ela era amada por todos, porquanto era grande em sua posição humilde.

Débora esteve com a família patriarcal por nada menos de duas gerações completas. Assim, fizera sua contribuição e cumprira a sua missão. Se Débora estivesse presente, talvez Raquel não tivesse morrido no parto de Benjamim.

A ama de Rebeca. Uma ama cuidava das mulheres e de seus filhos.

Uma ama ou enfermeira treinada é o coração mesmo dos cuidados médicos; elas recebem ordens e cuidam dos enfermos e dos moribundos. Essa ocupação tem-se profissionalizado, mas o espírito de serviço humilde (por muitas vezes com pagamento insuficiente) faz-se presente até hoje. Cuidar das pessoas, quando estão doentes e até infectadas, é um ato de amor, de obediência à lei do amor.

Alom-Bacute. No hebraico, esse nome significa “carvalho do pranto”. Era a árvore ao pé da qual Débora, a ama de Rebeca, foi sepultada (Gn 35.8), e, depois, Raquel. Alguns eruditos pensam que temos aqui alguma deslocação de material, e que a juíza Débora é que estaria em foco, ou seja, que o memorial era dela. Mas esse seria um erro grosseiro demais para um compilador ter feito. Pessoas humildes também têm um papel humilde a desempenhar no registro sacro. A fidelidade delas é relembrada, embora não trouxessem as marcas que os homens pensam que os grandes devem ter.

Betel Novamente (35.9-15)

Alguns críticos veem aqui alguma “mistura de tradições”, supondo que a história original de Betel (Gn 28.11 ss.) teria sido combinada (neste ponto) com elementos do relato sobre a luta de Jacó com o anjo (Gn 32.24 ss.), quando seu nome foi mudado de Jacó para Israel. Os estudiosos conservadores não veem por que novas experiências não poderiam conter elementos de antigas experiên­cias. Seja como for, o material desta pequena seção é uma duplicação essencial de coisas sobre as quais já tínhamos comentado, incluindo certas provisões do Pacto Abraâmico (ver em Gn 15.18). “Em Betel, Deus confirmou a promessa que tinha feito antes (Gn 32.28). A mudança do nome de Jacó serviu de prova da bênção prometida" (Allen P. Ross, in loc.).

35.9  Vindo Jacó de Padã-Arã. Ou seja, a caminho de volta para casa, especificamen­te, em Betel (vss. 14 e 15). Sua experiência anterior em Betel teve lugar quando ele estava indo para Padã-Arã. E esta experiência ocorreu quando ele estava saindo dali. Ambas as ocasiões foram marcos em sua vida.

Outra vez lhe apareceu Deus. Jacó era homem de muitas experiênci­as místicas. A presença de Deus guiava Jacó em todos os marcos importantes de sua vida. A providência de Deus acompanhava Jacó de uma maneira especial.

35.10         E lhe chamou Israel. Ver Gênesis 32.28 quanto à mudança do nome de Jacó para Israel.

35.11         O Deus Todo-poderoso. El-Shaddai é aquele que nos supre quanto a todas as necessidades, conforme parece ser uma das implicações desse nome. A primeira parte do nome, El, mostra que há poder capaz de fornecer um suprimento abundante. “O Senhor é meu Pastor; nada me faltará.” As promessas são confirmadas. O nome divino, El-Shaddai, é aquele que prefacia a repetição do Pacto Abraâmico a Abraão (Gn 17.1 ss.). Esse mesmo Deus garantia agora, a Jacó, a continuação do pacto.

Multiplicação e Grandeza. Uma companhia de nações descenderia de Abraão, o que é dito por diversas vezes nas repetições do Pacto Abraâmico. Ver Gênesis 28.3, onde a expres­são usada é “uma multidão de povos”. Ali, a declaração faz parte da bênção dada a Jacó por Isaque. Além disso, reis descenderiam de Jacó, como Saul, Davi, Salomão etc. (cf. Gn 17.6), culminando no Rei-Messias, descendente de Judá, através de Lia, uma das esposas de Jacó. Nesse ponto, seria atingida a dimensão espiritual do pacto, de tal modo que aquilo que era bênção material tornar-se-ia em bênção espiritual, incluindo a questão da salvação da alma (Gl 3.14).

35.12         A terra. A aquisição de um território pátrio era necessária para que se desen­volvesse a nação de Israel, o que levaria ao cumprimento maior do próprio pacto. As notas em Gn 15.18 mostram as dimensões desse território.

35.13         Elevando-se do lugar. Provavelmente devemos pensar no “céu”, em algum lugar acima da terra, como se vê em Gn 11.4; 21.17; 22.11,15; 28.12. Tendo-se manifestado, vindo dali, Deus agora para ali voltava. A presença divina algumas vezes manifesta-se aos homens de uma maneira que eles são capazes de com­preender, pelo menos em parte, e de uma forma que possam suportá-la. Isso sucede mediante as experiências místicas como as visões, os sonhos, as visitas angelicais etc.

Os trechos de Gn 17.22 e 18.33 têm a mesma expressão que se vê neste versículo. Deus “elevou-se de onde estava Abraão”. Mas Gn 18.33 diz algo levemente diferente: “retirou-se o Senhor”.

35.14         Este versículo é parecido com o de Gn 28.18, exceto pelo fato de que aqui temos a primeira menção a uma libação na Bíblia. Provavelmente foram empregados vinho, água ou mesmo ambas as coisas. Mas alguns eruditos pensam que foi usado azeite. Também é possível que o “azeite” entornado em Gn 28.18 fosse uma libação, embora isso não seja dito especificamente. As oferendas, como as deste versículo, reconheci­am o poder divino e a visitação da presença divina. Era uma espécie de participa­ção dos bens materiais de alguém, em reconhecimento da graça e do suprimento divino, na esperança de maior recebimento dessa graça e suprimento.

As libações eram algo comum em muitos países. As libações originais eram feitas com água, mas depois passou-se a usar o vinho. Ver Lv 7.1. Gratidão e devoção eram expressas por meio desses atos. Ademais, sem dúvida, essas oferendas serviam de pedidos quanto à continuação do suprimento e do poder divinos junto ao adorador, por estar sendo reconhecida, por este, a presença divina. As libações, acima de tudo, eram atos de adoração que reconheciam a providência de Deus.

Colunas Memoriais. Naturalmente, essas colunas tornaram-se objetos vene­rados pelos descendentes dos patriarcas, motivo pelo qual a legislação mosaica veio a proibir tal prática. Ver Lv 26.1 e Dt 16.22. Cerca de quarenta anos separavam as duas colunas erigidas por Jacó. Ele continuava a ser um homem de altares e de devoção espiritual.

35.15

Esse lugar chamava-se Betel, pois o trecho é paralelo a Gn 28.17-19. Betel tornou-se um dos santuários da nova religião, a fé de Abraão, um lugar de pere­grinação do Yahwismo. Estava sendo formada a fé religiosa distintiva da nação de Israel.

Bibliografia R. N. Champlin

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Lição 06 - Jacó retorna à sua terra

05 de Fevereiro de 2012

Jacó retorna à sua terra

Texto Áureo

“Então tomou Jacó uma pedra, e erigiu-a por coluna”. Gn 31.45

Verdade Aplicada

A vontade de Deus é perfeita, boa e agradável.

Objetivos da Lição

►      Demonstrar que Deus é sobe­rano em seus atos;
►      Ensinar que Deus protege os seus em todas as situações;
►      Mostrar o testemunho de Jacó.

Textos de Referência

Gn 31.17   Então, se levantou Jacó, pondo os seus filhos e as suas mulheres sobre os ca­melos,
Gn 31.18   E levou todo o seu gado e toda a sua fazenda que havia adquirido, o gado que possuía, que alcançara em Padã-Arã, para ir a Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
Gn 31.19   E, havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha.
Gn 31.22   E, no terceiro dia, foi anunciado a Labão que Jacó tinha fugido.
Gn 31.24   Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal.

Ajuda Versículos

Jacó Separa-se de Labão (31:1-55)

Esta passagem é primordialmente pro­duto da fonte Israelita do Norte (ênfase em sonhos e anjos, uso do nome Elohim para a divindade), depois de uma intro­dução proveniente da narrativa Judia, nos versículos 1-3. A maioria dos erudi­tos críticos atribui o versículo 2 ao escri­tor da fonte Israelita do Norte, porque ele parece dar uma explicação diferente para a decisão, de Jacó, de partir. No versículo 1, somos informados de que era devido aos filhos de Labão, enquanto, no versículo 2, de que era por causa do próprio Labão. Estilisticamente, não há argumentos convincentes para uma mu­dança de fonte. O escritor da fonte Judia facilmente poderia ter atribuído o desassossego de Jacó à atitude mutável de Labão, tanto quanto à de seus filhos. As seções da fonte Israelita do Norte jamais mencionam os filhos de Labão, e alguns expositores chegam à conclusão, devido a isso, de que a opinião da fonte era que ele não tinha nenhum filho varão, só filhas (Skinner). Isto colocaria essa fonte em conflito com o material da fonte Judia, a não ser que se interprete “filhos” como parentes (cf. Speiser). Todavia, o silêncio da fonte Israelita do Norte, a respeito do assunto, pode não significar, necessaria­mente, falta de conhecimento. Os filhos de Labão podiam estar incluídos entre os parentes (v. 23). A referência a Padã-Arã, no versículo 18, geralmente é identi­ficada com a fonte Sacerdotal, visto que nenhuma das fontes populares emprega este nome comumente. Ela é, provavel­mente, editorial, e não de outra fonte.

O pacto entre Jacó e Labão (v. 43-54) é geralmente considerado como uma com­ posição de materiais das fontes Judia e Israelita do Norte, visto que dois símbo­los são estabelecidos: uma coluna e um montão de pedras, e duas explicações são dadas para o nome “Galeede”. A versão da fonte Israelita do Norte diz que Jacó levantou tanto as pedras quanto a co­luna (v. 45 e 46), e o suposto relato da fonte Judia atribui ambos os atos a Labão (v. 51). Isto leva a uma intricada especulação a respeito de como isso pode ter acontecido, se as narrativas da “co­luna” e do “montão” estavam original­mente separadas (von Rad, Speiser). É melhor considerar esta perícope como uma coerente continuação da narrativa da fonte Israelita do Norte. Jacó e Labão erigiram os monumentos, referindo-se cada um deles, em seus discursos, à parte que havia desempenhado no processo. Visto que ambos participaram da ereção, cada um deles deu nome aos monumen­tos. Num ato final de boa vontade, Labão consentiu em usar o nome dado por Jacó.

Ordens de Marcha de Jacó (31:1-16)

Tendo visto que havia perdido o favor de Labão e de seus filhos, Jacó estava pronto para ouvir a direção de Deus para voltar ao lar. A ordem de Deus era oposta à dada a Abraão. Abraão recebe­ra instruções para abandonar a sua terra e a sua parentela; Jacó devia voltar à sua. Assim mesmo, cada geração precisa sa­ber qual é a vontade de Deus para a sua situação em particular.

Dez vezes mudou o meu salário. Esta é uma expressão figurada de um número grande, indefinido. Por esta declaração ficamos sabendo que Labão revisara muitas vezes o acordo feito com Jacó. Respeitando o aspecto do acordo que lhe era favorável, Labão sempre conservava as ovelhas brancas e as cabras escuras. Algumas vezes, contudo, ele limitava a parte de Jacó apenas às listradas ou às malhadas. Não obstante, cada vez os animais se multiplicavam a favor de Jacó.

Os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados. Não fora a esperteza de Jacó a responsável pela multiplicação prolífica da espécie de animais que lhe cabia. Deus providen­ciara para que os animais certos se aca­salassem.

Levanta os teus olhos e vê. Von Rad considera esta expressão, bem como todo o versículo 12, como uma “inserção inep­ta”, feita por um editor posterior, pri­mordialmente porque ela interrompe a declaração de Deus a respeito de si mes­mo. De acordo com a analogia de outras teofanias, o Eis-me aqui da resposta de Jacó devia ser seguido imediatamente por Eu sou o Deus de Betel. Essa alteração de forma é simplesmente uma maneira pela qual o hebraico expressa ênfase. Deus queria que Jacó visse o que estava acontecendo, antes de dirigir a sua aten­ção para si próprio.

Eu sou o Deus de Betel, onde é literal­mente “Eu sou o Deus Betel, onde". Obviamente, o texto sofreu durante a transmissão, visto que “onde” não tem um antecedente apropriado. Seguindo a LXX e outras versões antigas, a maioria dos intérpretes concorda com a RSV.

A reação das esposas de Jacó, ao dis­curso dele, nos versículos 5 a 13, expres­sa tanto a amargura delas contra o seu pai quanto a sua lealdade a Jacó. Se ele estava pensando em partir sem elas, po­dia esquecê-lo. O pai delas as havia ven­dido a ele, e elas também eram proprie­dade dele. Se ele queria partir, elas estavam com ele entusiasticamente.

A Partida Secreta (31:17-24)

Jacó escolheu a hora adequada para viajar. Labão e seus filhos estavam ocupados com a tosquia das ovelhas, a três dias de caminho dele.

Raquel furtou os ídolos que perten­ciam a seu pai. Como observa Speiser, a tradução “furtou” é um pouco forte para a situação. A posse dos deuses do lar ou familiares (heb., teraphim, coisas iner­tes, um termo pejorativo) era prova legal do direito de herança. Visto que Raquel cria que a propriedade devia ser deles, ela se “apropriou” do que considerava ser seu de direito. Isto não fez com que o ato se tornasse menos errado. Os terafins eram estatuetas, algumas vezes em forma humana, talvez de tamanho de um homem (I Sm 19:13,16), embora aqui fossem suficientemente pequenas para Raquel carregá-las e se assentar sobre elas (v. 34).

Labão, o arameu. Este termo é usado a respeito de Labão, Betuel (28:5) e Jacó (Dt 26:5). No versículo 47, Labão até falou em aramaico. “No entanto, os arameus, como tais, não têm verificação in­dependente, a não ser a partir dos últi­mos séculos do segundo milênio” (Spei­ser, p. 246). Os escritores estavam usan­do uma designação posterior para essas pessoas de época mais remota, ou os arameus estavam em cena muito antes do que geralmente se presume.

Jacó iludiu a Labão. O hebraico diz, literalmente: “E Jacó furtava o coração de Labão” (cf. II Sm 15:6). Furtar o coração era roubar a mente, remover de outrem a consciência da realidade, enga­nar a outrem, fazê-lo parecer estúpido.

Seguiu atrás de Jacó jornada de sete dias. A distância entre Harã e Gileade é de cerca de quinhentos e sessenta qui­lômetros. Não é provável que Jacó pudes­se ter chegado tão longe em dez dias, visto que os rebanhos avançavam tão vagarosamente. A palavra “sete” pode ser figurativa. Ela é frequentemente usa­da para designar um período completo de tempo.

Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal. Ou Labão não obedeceu à direção de Deus e, assim mesmo, re­preendeu Jacó, o que não é provável, ou “nem bem nem mal” tinha um significa­do diferente do que se possa supor. A proibição de Deus significava que Labão não devia acusar Jacó de nenhuma ação má, quer fosse verdade quer não. Ele não devia dizer-lhe para voltar para casa nem devia eximir-se de vê-lo. No encontro, ele teve todo o cuidado de não acusar Jacó de pecado. Ele simplesmente pediu-lhe para responder a uma série de interrogações a respeito de delitos aparentes!

A Inquirição de Labão (31:25-35)

Jacó tinha armado a sua tenda na montanha. Era de se esperar que aqui se achasse o nome da região, talvez Mizpá (31:49), mas, com base na dupla repeti­ção dessa palavra em 31:54, Speiser con­jectura que era um lugar chamado de “Elevação”.

Armou também Labão com os seus irmãos a sua tenda. O hebraico diz lite­ralmente: “Labão armou os seus ir­mãos”! Obviamente, se requer uma cor­reção textual aqui; ’chlw (tendas) deve ser interpretação em lugar de ’chyw (pa­rentes).

Que me iludiste. A mesma expressão idiomática, encontrada no versículo 20, pode ser traduzida como “que me fizes­te parecer estúpido”.

Com alegria e com cânticos. Esta é a única referência do Velho Testamento a esse costume em despedidas. Labão, in­dignado, estava fazendo os papéis in­congruentes de “pai ferido a vingador aturdido” (Kidner). Ele descreveu mi­nuciosamente o antigo costume, mas Jacó sabia que esse não seria o tipo de despedida que Labão teria preparado, se lhe tivesse contado seus planos com antecedência.

Respondeu-lhe Jacó: Porque tive medo. Labão estivera fazendo perguntas em sucessão tão rápida que Jacó estava apenas começando a responder à sua pri­meira pergunta, a saber, porque ele o fizera parecer tão estúpido, quando La­bão lhe perguntara a respeito dos terafins. Então Jacó respondeu a respeito desse assunto. Labão chamou os terafins de seus “deuses”. Raquel não mos­trou a mesma consideração para com eles, pois sentar-se sobre eles na sua “im­pureza” era o insulto máximo (cf. Lv 15:19 e ss.).

Com quem achares os teus deuses, po­rém, esse não viverá. Aqui o suspense aumenta. Sem o saber, Jacó estava arris­cando a vida de Raquel, a esposa que mais amava. Mais uma vez esta fonte está retratando Jacó como homem ínte­gro, que não imagina que alguém em sua família pudesse ter roubado algo de La­bão.

Na albarda do camelo. Speiser traduz a palavra hebraica como “almofadas”, enquanto Driver faz sua versão como “liteira” ou “howdah” (palanquim). Era uma sela especial para mulheres, que podia ser usada como uma espécie de cadeira quando elas estavam nas tendas. Embora ela usualmente tivesse uma co­berta tecida, quando usada em viagem, não é provável que Raquel estivesse sen­tada em um palanquim coberto, quando estava em sua tenda, pois senão ela certa­mente seria suspeita de engano. Se a albarda tinha uma coberta, ela havia sido tirada.

O incômodo das mulheres. Raquel de­clarou que estava em seu período mens­trual, declaração que podia ser verda­deira.

A Resposta Irada de Jacó (31:36-42)

Este discurso é uma obra-prima literá­ria. Pois finalmente Jacó podia defender a sua inocência de qualquer culpa, e o fez com grande eloquência. Toda a frustra­ção represada de vinte anos se abateu espumejante.

Nesta passagem vemos a vida difícil do pastor (“o Trabalho das minhas mãos”, v. 42), bem como Labão havia maltrata­do Jacó (“a minha aflição”). Era da responsabilidade do pastor providenciar para que os rebanhos tivessem crias sem abortos e que fossem protegidos de animais selvagens e de ladrões humanos. Ele cuidara dos animais durante os opressi­vos dias quentes e as noites miseravel­mente frias, enquanto o seu sono lhe "fugia” dos olhos (v. 40). Algumas vezes o pastor tinha dificuldades para ficar acordado durante a sua vigília; Jacó, por causa do calor e do frio, não podia dor­mir quando queria!

Labão tornara a sorte dura de Jacó ainda mais difícil, não lhe permitindo comer os cordeiros do rebanho, forçan­do-o a dar contas de todas as perdas e mudando o seu salário repetidamente (“dez vezes”).

O versículo 42 expressa claramente que o Deus de Isaque e o Deus de Abraão eram o mesmo Deus, pois o verbo “não fora” está no singular, re­querendo um sujeito simples, e não com­posto. Obviamente, Jacó adorava o mes­mo Deus que eles adoravam, pois está se referindo a ele nesta passagem. Nomes diferentes para o mesmo Deus eram usa­dos pelos patriarcas (cf. Sl 18:2 e Ap 15:3, onde termos diferentes são usados para designar o mesmo Deus único). O significado do título Temor de Isaque é obscuro, pois ocorre apenas neste capí­tulo. Speiser o traduz como “o Terrível de Isaque” e relaciona este título com o de “Provação de Isaque”, quando Abraão estava para sacrificá-lo sobre a montanha (Gn 22). Albright sugeriu que significa “Parente”, visto que pala­vras cognatas, em outras línguas do Ori­ente Próximo, têm este significado. Na verdade, esta expressão descreve com exatidão o estilo de vida religiosa de Isaque. Enoque andou “com” Deus (em comunhão íntima), Abraão “diante” de Deus (consciente de sua presença), e Isaque, como servo obediente.

Hoje me mandarias embora vazio. Jacó disse que Labão teria prevalecido, se Deus não interviesse. Ele deu a Deus o crédito de toda a sua prosperidade, não porque Deus reconhecesse os seus atribu­tos morais, mas porque se apiedara de Jacó em sua aflição.

O Pacto em Mizpá (31:43-55)

Tudo o que vês é meu. De início, o leitor é inclinado a sentir simpatia por Labão. O lucro de Jacó fora o prejuízo de Labão, inteiramente. Embora ele não pudesse mais reter a sua descendência, restava uma última responsabilidade: assegurar-se de que ela receberia um tratamento condigno da parte de um homem em quem ele não confiava. Ele insistiu que fizessem um pacto, tendo Deus como testemunha, entre ele e Jacó, garantindo às suas filhas um tratamento condigno.

Os nomes que Labão e Jacó deram ao lugar do pacto significam a mesma coisa: “montão do testemunho”; Labão usou a língua aramaica, sua língua nativa, e Jacó, o hebraico. Finalmente Labão con­cordou em chamá-lo pelo nome que Jacó lhe dera (Galeede, daí Gileade?), pois queria que tanto Jacó quanto os seus descendentes compreendessem clara­mente o que ele significava. O aspecto mais interessante do pacto é que por ele Jacó deu garantias a Labão, enquanto Labão não garantiu nada. Era fácil fazer um acordo com Jacó. Visto que Labão realmente era o perdedor, este foi para ele um procedimento que salvou as aparências.

O fato de terem comido depois de terem colocado as pedras (v. 46) e outra vez mais tarde (v. 54) não indica, aqui, duas fontes. Simplesmente significa que eles primeiramente fizeram um acordo amigável com uma refeição social, e de­pois o selaram, mais tarde, no mesmo dia, com uma refeição sacrificial.

E também Mizpá. A RSV acrescenta “coluna” neste verso. O texto recebido diz: “Portanto ele o chamou de Galeede e Mizpá.” Em outras palavras, Labão deu a “ele” dois nomes. Aparentemente, Jacó e Labão. erigiram uma coluna de pedra (msbh, massebah) e amontoaram pedras ao redor dela, para proteção futura; La­bão deu ao monumento acabado o nome de Galeede e Mizpá (msph), um jogo de palavras com msbh. Ao invés de ser evi­dência de duas narrativas, a coluna e o montão foram combinados em uma só designação, Mizpá, na forma de um obe­lisco completo. O nome Galeede confir­mou o pacto entre os dois homens. Mizpá (torre de vigia) enfatizou a garantia de sua validade futura.

A famosa “bênção de Mizpá” não foi uma expressão de boa vontade da parte de Labão, mas uma declaração que di­zia, de fato: “Possa Deus conservar você honesto enquanto eu não estou lá para vê-lo.” Ele estava lendo a sua própria desonestidade no comportamento de Jacó. Contudo, isto não significa que as suas palavras não podem ser usadas, hoje em dia, em sentido positivo. A expressão de Labão pode ter uma conotação bem diferente da que ele pretendia. As pala­vras expressando desconfiança em um contexto podem, em outro, ser legitima­mente usadas para pronunciar uma bênção. Temos visto que frequentemente, em Gênesis, as gerações posteriores encon­traram, nas palavras, algum significado que não era aparente a princípio, mas que estava ali para ser discernido em época diferente.

Este montão é hoje testemunha. Quan­do Labão começou esta declaração, ela soava como se ele estivesse querendo dizer que ele e Jacó não cruzariam aquela linha jamais. Bem no fim da sentença ele acrescentou: “para mal.”

O Deus do pai deles é expressão con­siderada, por muitos eruditos, como edi­torial (cf. Speiser, von Rad). Visto que ela não aparece na LXX, é considerada como tentativa de explicar a menção do Deus de Abraão e do Deus de Naor. A frase explicativa declara que eles são o mesmo Deus, o Deus de Tera. Esta opi­nião é baseada no fato de que julgue está no plural. Costumeiramente, quando é caracterizado o Deus de Israel, o subs­tantivo plural ’Elohim usa um verbo no singular (cf. Gn 1:1). Algumas vezes, no entanto, quando ’EIohim se refere ao Deus de Israel, é regido por um verbo no plural (cf. 1:26: “Façamos o homem"). Alega a opinião politeísta que tanto La­bão quanto Jacó invocaram o Deus indi­vidual de seus respectivos pais, para tes­temunhar o pacto. Se este fosse o sentido da passagem, por que precisaria o escri­tor mencionar especificamente que Jacó invocou o Temor de seu pai Isaque, mas omitiu o fato de que Labão invocou o seu Deus? A expressão o Deus do pai deles, quer editorial, quer não, afirma que eles serviam ao mesmo Deus. Desta forma, ela precisa ser levada a sério. Este é outro exemplo de concordância gramatical en­tre ’Elohim e o seu verbo, sem implica­ções teológicas especiais. Se a expressão é editorial, ela foi inserida porque era ne­cessária para impedir uma interpretação politeísta. Abraão jamais teria desejado conseguir esposa para Isaque na família de Naor só porque eles eram parentes. Eles adoravam o mesmo Deus.

Labão... os abençoou. Deve-se notar que ele não abençoou Jacó. Ele não esta­va qualificado nem inclinado a fazê-lo.

Bibliografia Clyde T. Francisco

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lição 8: O perigo de querer barganhar com Deus

Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos



1º Trimestre de 2012


Título: A Verdadeira Prosperidade — A vida cristã abundante
Comentarista: José Gonçalves


Lição 8: O perigo de querer barganhar com Deus
Data: 19 de Fevereiro de 2012

TEXTO ÁUREO


Que darei eu ao SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?(Sl 116.12).

VERDADE PRÁTICA


Deus nos concede as suas bênçãos não porque tenhamos algum poder de barganha, mas porque Ele nos ama e quer aprofundar o seu relacionamento com cada um de seus filhos.

HINOS SUGERIDOS


151, 155, 178.

LEITURA DIÁRIA


Segunda - 2 Pe 2.15
A barganha e o “prêmio da injustiça”


Terça - Jo 18.36
A barganha firma-se no poder terreno


Quarta - Is 55.8
Deus oferece oportunidades


Quinta - Rm 1.24
A barganha troca o Criador pela criatura


Sexta - Is 44.14-17
A barganha transforma objetos em deuses


Sábado - 1 Tm 4.7
A barganha procura disputas

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


Mateus 4.1-11.

1 - Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 - E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
3 - E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
4 - Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
5 - Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
6 - e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7 - Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.
8 - Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
9 - E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.
10 - Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.
11 - Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram.

INTERAÇÃO


Prezado professor, esta lição é de inquestionável importância diante do que temos visto e ouvido no meio evangélico com respeito a obtenção das bênçãos divinas. Muitos estão tentando obter o favor de Deus mediante a barganha. Tentam negociar o inegociável. Nesta lição veremos os males que a “Teologia da Barganha” pode acarretar na vida do crente e da igreja. No decorrer da aula procure enfatizar o fato de que Deus nos concede as suas bênçãos não porque tenhamos algum poder de barganha, mas porque Ele nos ama e quer aprofundar o seu relacionamento conosco.

OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • Conscientizar-se de que as Escrituras condenam a barganha.
  • Descrever alguns pressupostos da “Teologia da Barganha”.
  • Explicar qual é o perigo de se tentar barganhar com Deus.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor, sugerimos que você inicie a aula de hoje com uma reflexão. Escreva no quadro de giz a seguinte frase de Larry Crabb: “Nossa maldade não é um empecilho para a bênção, assim como nossa bondade não é condição para sermos abençoados”. Incentive a participação da classe e ouça com atenção a posição dos irmãos. Conclua a reflexão enfatizando que as bênçãos de Deus em nossa vida são resultado do amor e da misericórdia do Pai Celeste. Não existe nada que possamos fazer que seja capaz de impressionar ao Senhor.

COMENTÁRIO


introdução

Palavra Chave
Barganha: Tentar negociar ou trocar algo com Deus a fim de obter algum benefício.

Nesta lição, veremos que o desejo de se barganhar com Deus é algo totalmente reprovável, pois contraria todos os princípios da Palavra de Deus. Com a introdução de certas heresias e modismos no contexto evangélico, a velha prática da barganha voltou a induzir as pessoas a usar a fé, e até mesmo a Bíblia, para obter vantagens duvidosas e até ímpias. É uma tentativa de chantagear a Deus.
Agindo dessa forma, o crente já não busca a Deus com o coração de um verdadeiro adorador, mas como um mercador espertalhão que procura levar vantagem em tudo. Os pregadores da prosperidade vêm transformando a santíssima fé numa moeda de troca. Cuidado, Deus não se deixa escarnecer.

I. A BARGANHA NA BÍBLIA

1. No Antigo Testamento. O livro de Jó relata a história do patriarca que, abençoado por Deus, teve sua família e bens perdidos em pouquíssimo tempo (1-2). Sua fidelidade, porém, era algo que transcendia todas as suas posses. Assim, mesmo tendo o Diabo dito que Jó negaria ao Senhor se viesse a perder tudo (1.6-12; 2.1-10), isto não aconteceu (1.22). Ele não precisou barganhar com o Senhor para ser abençoado; sua fidelidade a Deus foram suficientes (42.10-17).
2. Em o Novo Testamento. Até mesmo ao próprio Cristo o tentador teve coragem de propor uma barganha (Mt 4.8-10). Mais tarde, Simão, o mago, ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o Espírito Santo (At 8.14-24). E por causa disso, foi duramente repreendido pelos apóstolos. Cuidado, não se negocia com coisas santas.
3. As Escrituras condenam a barganha. As Escrituras evidenciam que barganhar com Deus é tentar negociar o inegociável: a simplicidade do Evangelho de Cristo Jesus (2 Co 11.3). O meigo nazareno é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2), por isso, devemos servi-lo voluntária e espontaneamente, certos de que Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). As Sagradas Escrituras destacam o amor como o elemento supremo de devoção a Deus e de profunda compaixão pelo próximo. Em Cristo, somos impulsionados a amar uns aos outros sem esperar nada em troca, pois é exatamente isto que nos caracteriza como discípulos do Mestre (Jo 13.35).


SINOPSE DO TÓPICO (I)

Tanto no Antigo quanto em o Novo Testamento, a barganha é reprovada pelo Senhor.


II. PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA BARGANHA”

1. A falsa doutrina do direito legal. A teologia da barganha tem como pressuposto a doutrina do direito legal do crente. Segundo essa crença exótica e antibíblica, Jesus Cristo, ao morrer na cruz, conquistou para os crentes muitos direitos. Cabe agora ao cristão conscientizar-se da existência deles e reivindicar, para si, a sua concretização. Dessa forma, a posse da bênção é um direito líquido e certo e que não depende da vontade divina.
A doutrina do direito legal, ensinam os falsos mestres, deu amplos poderes ao crente. E este, agora, pode usá-los como moeda de troca sem levar em conta o querer divino. Os tais ensinadores acreditam que Deus não tem direito de dizer “não” a quem Ele conferiu o direito de exigir. A suma desse ensino perigoso e bizarro é que o fiel ganha todos os direitos e Deus perde toda a soberania! Ou seja, segundo esse aleijão doutrinário, Deus não passa de um fantoche nas mãos do crente. No entanto, ignoram os pregadores da Teologia da Prosperidade o fato de o Soberano não dividir a sua glória com ninguém (Is 42.8).
2. A prática do determinismo. Já é bastante conhecida a famigerada doutrina do determinismo que ensina, entre outras coisas, que não é mais preciso orar e sim determinar! Para os que propagam essa teologia, a vontade divina, pouco importa. A verdade, porém, é que Deus não é refém de lei alguma, pois Ele é soberano (Is 55.8). Ele criou todas as coisas e de todas é Senhor.
A expiação de Cristo proveu a bênção da cura tanto da alma como do corpo (1 Pe 2.24; Mt 8.16,17). Ele proveu-nos também o direito à vida eterna e a provisão para uma vida plena (Jo 10.10). Não obstante, isso não significa que o crente não passará por adversidades, sofrimentos ou tampouco que ele jamais virá a adoecer. A Palavra de Deus afirma que a redenção plena do ser humano só será uma realidade quando, por Cristo, e nos últimos dias, a glória final for revelada nos filhos de Deus (Rm 8.19,23; Ap 21.4,5).


SINOPSE DO TÓPICO (II)

O crente não tem o direito de barganhar com Deus como ensina erroneamente a “teologia da barganha”.


III. O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS

1. O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. Embora, Deus seja o grande Criador, intervém na sua criação e se relaciona com ela (imanência) (2 Co 6.16). Não estamos entregues à própria sorte. O Senhor tem prazer em nos abençoar. Entretanto, não podemos nos esquecer que Ele é soberano e está acima de toda criação (transcendência). Podemos vê-lo nas coisas criadas (Sl 19.1), mas isso não significa que tudo é Deus, porque Ele é distinto de sua criação (transcendência).
Ao priorizar a relação de Deus com a criação, a Teologia da Prosperidade ignora propositalmente a soberania e a vontade divinas. O Todo-Poderoso acaba por torna-se uma simples marionete nas mãos do ser humano. Nessa concepção, o papel de Deus assemelha-se ao de um garçom que existe apenas para servir e satisfazer as exigências dos seus clientes.
2. O perigo de se transformar o sujeito em objeto. A teologia da barganha transforma o acessório em objetivo. Transforma gente em mercadoria e a fé em um grande negócio! Observa-se hoje que muitos pregadores midiáticos mantêm seus ministérios não para glória de Deus, mas para atenderem a uma demanda do mercado religioso. É um evangelho que procura satisfazer vontades e não necessidades. O culto, que à luz da Bíblia, deve estar em torno de Deus, passa a ser tão somente um momento de autossatisfação. Isto quer dizer que os bens materiais passam a ser a razão de viver das pessoas. É a adoração à criatura em vez de ao Criador (Rm 1.24,25).
3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em relacionamentos. A prática da barganha transforma o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Para que gastar horas buscando a Deus em oração se é possível encurtar o caminho através de “fórmulas de fé” que têm o poder de colocar Deus na parede? A fé é reduzida a uma fórmula e Deus a um bem de consumo! O relacionamento com o Eterno deixa de existir e é substituído por um jogo de interesses onde se objetiva unicamente a aquisição de vantagens materiais e muitas vezes iníquas. Tal ensino faz da vida cristã algo superficial e vergonhoso. Aquilo que Paulo ensinou sobre a piedade (1 Tm 4.7) perde completamente a sua razão de ser, pois as posições invertem-se e Deus passa a ser, inconscientemente, na cabeça de algumas pessoas, algo que pode ser controlado ao seu bel-prazer.


SINOPSE DO TÓPICO (III)

A barganha faz com que o relacionamento com Deus se torne algo meramente mecânico e interesseiro.


CONCLUSÃO

Não podemos cair na tentação de barganhar com Deus. Isto por uma razão bastante simples: nada temos de real valor para propor em troca e muito menos o direito de assim procedermos. O profeta Isaías afirmou que até os nossos mais exaltados atos de justiça não passam de trapos de imundícia diante dEle (Is 64.6). Para sermos abençoados necessitamos de Deus em todas as coisas e em todo o tempo. Ele em nenhum momento se nega a abençoar-nos, segundo a sua soberana e perfeita vontade (Mt 6.10; 26.42).

VOCABULÁRIO


Imanência: Qualidade do que está em si mesmo, e não transita a outrem.
Midiático: Relativo à mídia; todo suporte de difusão de informação.
Transcendência: Que excede os limites normais; superior sublime.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA


RICHARDS, L. O. Comentário Historico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2007.
HANEGRAAFF, H. Cristianismo em Crise. 4.ed., RJ: CPAD, 2004.

EXERCÍCIOS


1. O que relata o livro de Jó?
R. O livro de Jó relata a história do patriarca que, abençoado por Deus, teve sua família e bens perdidos em pouquíssimo tempo (1-2).

2. O que as Escrituras dizem sobre o “barganhar com Deus”?
R. As Escrituras evidenciam que barganhar com Deus é tentar negociar o inegociável.

3. Segundo a lição, qual o pressuposto da teologia da barganha?
R. A teologia da barganha tem como pressuposto a doutrina do direito legal do crente.

4. O que faz a Teologia da Prosperidade ao enfatizar apenas a imanência de Deus?
R. Ela reduz o Soberano Senhor a uma simples marionete nas mãos do ser humano.

5. Por que não podemos cair na tentação de barganhar com Deus?
R. Porque nada temos de real valor para propor em troca e muito menos o direito de assim procedermos.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I


Subsídio Apologético

“Artifícios dos triunfalistas

Os triunfalistas dão, aleatoriamente, nomes às suas campanhas dos feitos grandiosos registrados no Antigo Testamento, prometendo solução imediata aos problemas financeiros e de saúde. Para isso, inventam as campanhas do jejum de Gideão, do jejum de Calebe, Campanha dos 318 pastores, etc. Inventaram o culto dos empresários e convidam os endividados, falidos, às vezes, com famílias à beira da ruína.

A retórica baseada na fisiologia é ‘dando que se recebe’ apresenta um Deus corretor de imóvel ou negociante, visão distorcida que até mesmo McAliester criticou. A mensagem de salvação é esquecida. O estilo estereotipado ‘meu amigo’, ‘minha amiga’, identifica, facilmente, um desses grupos. Seus pastores são peritos em arrecadar fundos nos cultos. Sua escola é mais para ensinar essas técnicas do que mesmo teologia.

[...] É lastimável usar essas passagens bíblicas [as de, por exemplo, Gideão, Baraque, Sansão, Davi, Samuel, entre outros] [fora de contexto] para prometer ao povo carros importados, mansões e outras prosperidades materiais. É assassinar a exegese bíblica, no entanto, há os que já estabeleceram essa prática como doutrina” (SOARES, E. Heresias e Modismos: Uma análise crítica das sutileza de Satanás. 1.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.327-28).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II


Subsídio Teológico

“Uma Teologia de Supermercado
Desde o primeiro capítulo deste livro, venho mostrando que a prosperidade bíblica se alicerça fundamentalmente em um correto relacionamento com o Senhor. Quando fórmulas, técnicas ou quaisquer outros meios substituem a comunhão do crente com o seu Deus, então o caminho para uma fé deformada está aberto. Esse modelo teológico que ignora a existência humana e não leva em conta a soberania de Deus sobre a história tem produzido uma geração de crentes superficiais. E o que é pior - tem se tornado quase que exclusivamente o único tipo de fé conhecida. O cristianismo ortodoxo tem sido empurrado para a periferia da fé. A química resultante da mistura desse modelo teológico com o princípio bíblico da retribuição tem originado uma excrescência dentro do protestantismo evangélico - a Teologia da Barganha.

Os pressupostos da Teologia da Barganha já são perceptíveis no Antigo Testamento, nos argumentos defendidos pelos amigos de Jó: Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú. É possível vermos na teologia desses homens uma relação distorcida entre pecado e punição. Em palavras mais simples, eles defendiam a tese de que por trás do sofrimento de Jó estava algum tipo de pecado cometido, porém, ainda não conhecido. Algo semelhante àquilo que é pregado [por aí]. Luiz Alexandre Solano Rossi (2008, p.75) comenta:
A teologia da retribuição está assumindo a sua forma e assim permanecerá durante o desenrolar de todo o livro de Jó. O homem pode, sim, ser conduzido a agir por interesse: se ele faz o bem, recebe a felicidade; se pratica o mal, recebe a infelicidade. A vida de fé está a um passo de se transformar em uma relação comercial. A fé pode estar sendo vista a partir de uma prateleira de supermercado, ou seja, Deus se apresentaria como um negociante. A consagrada expressão brasileira do ‘toma lá, dá cá’ se encaixa perfeitamente nessa situação [...] Contra essa teologia da retribuição ele (Jó) tem um único argumento: sua experiência pessoal e sua observação da história, na qual a injustiça permanece impune. Sua observação e intuição são corretas: existem somente homens situados no espaço e no tempo, no sentido de que vivem em uma época precisa e em um contexto social, cultural e econômico preciso [...]. Vejamos um resumo de seus discursos: a) Elifaz sugere que Jó é um pecador; b) Baldad diz abertamente que seus filhos morreram por seus pecados; c) Sofar assegura a Jó que seu sofrimento é menos do que ele merecia; d) Eliú afirma que o sofrimento tem um caráter pedagógico. Eles representam perfeitamente o modo mais comum de se mascarar a verdadeira fé bíblica [...]” (GONÇALVES, J. A Prosperidade à Luz da Bíblia: A Vida Cristã Abundante. RJ: CPAD, 2012).





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