INTRODUÇÃO
O profeta Oseias é o primeiro dos doze profetas que estaremos 
estudando durante este trimestre. Nesta lição, destacaremos importantes 
informações sobre o profeta, seu livro, o contexto em que foi levantado 
para profetizar, seus contemporâneos. Veremos ainda que Deus utilizou-se
 de um fato real, o casamento e a traição sofrida pelo profeta Oseias 
por parte de sua esposa Gomer, para ilustrar a aliança e a infidelidade 
de Israel para com Ele; e que, apesar do cativeiro que sofreria como 
punição, seriam restaurados por causa do grande amor divino. Por fim, 
pontuaremos ensinamentos que servem também para a Igreja de Cristo.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA OSEIAS
Nome. O nome Oseias, do hebraico Hoshea significa “salvação”.
 Seu nome revela o propósito de Deus em levantá-lo como profeta, que é o
 de proporcionar salvação ou livramento a Israel (10 tribos do Norte), 
se ouvissem a voz divina e se arrependessem de suas más obras (Os 
6.1-3). Não se tem muitas informações acerca da genealogia deste 
profeta, a não ser aquilo que o próprio livro nos revela que ele era 
filho de Beeri (Os 1.1).
Livro. Seu livro encabeça a lista dos profetas 
Menores. Ele contém 14 capítulos e está dividido em duas partes 
principais. A primeira trata-se da biografia do profeta que retrata a 
história de seu povo, na sua geração (Os 1-3). A segunda parte trata do 
mesmo assunto de maneira mais ampla e detalhada. Ele é considerado “o 
livro do amor de Jeová” e contém profecias sobre a restauração de 
Israel, no fim dos tempos. Ele é citado por nome no Novo Testamento em 
(Rm 9.25,26) e o livro em outras partes, como a profecia messiânica (Os 
11.1; Mt 2.15) e também uma frase que tornou-se adágio popular (Os 8.7).
Período que profetizou. Segundo alguns 
estudiosos seu ministério durou cerca de 40 anos. Isso parece ser 
confirmado pelo próprio texto sagrado (Os 1.1), pois, a soma dos anos 
desses quatro reis de Judá citados nessa passagem bíblica são de 
aproximadamente 113 anos, e Jeroboão II que reinou 40 anos, em Israel 
(II Rs 14.23) entre (793-753 a.C). Portanto, se Oseias começou seu 
ministério no final do reinado de Uzias e alcançou os primeiros anos de 
Ezequias, fica claro que que ele exerceu seu ministério por um tempo 
prolongado.
Contemporâneos. O profeta Oseias viveu na mesma 
época que os profetas Amós (Am 1.1), Miqueias (Mq 1.1) e Isaías (Is 
1.1). Eles formaram o quarteto do período áureo da profecia hebraica, 
entre (790 e 695 a.C). Oseias e Amós eram profetas do Reino do Norte 
(Israel-Samaria), enquanto Miqueias e Isaías exerceram seu ministério no
 Reino do Sul (Judá-Jerusalém).
A SITUAÇÃO DE ISRAEL NO PERÍODO DE OSÉIAS
Como já vimos, Oseias dirigira sua mensagem ao Reino do Norte 
(Israel-Samaria), e talvez ele fosse cidadão de Israel e não de Judá, 
devido ao profundo sentimento e conhecimento concernente a Israel. Sua 
mensagem é repleta de referências a lugares e eventos que somente alguém
 que pertencesse a Israel conheceria (Os 6.8), ou daria atenção a eles 
(7.1; 8.5,6; 9.15; 10.5; 12.5,12; 14.1). Ele dirigiu-se quase que 
exclusivamente a Israel, a quem 37 vezes chama de Efraim (2.1,2; 4.1,15;
 5.1,8; 6.1,4; 9.1,5,7; 10.9,12; 11.8; 12.9; 13.4, 9-13; 14.1,8) e 
demonstrou relativamente pouca preocupação para com o Reino do Sul 
(Judá-Jerusalém), exceto quando o advertiu a não imitar o exemplo de 
Israel (6.4,11). Mas, como se encontrava o Reino do Norte na época em 
que Deus levantou o profeta Oseias para ser o seu porta-voz?
Situação política. Nessa época, estava reinando 
sobre Israel Jeroboão II (793-753 a.C), filho de Jeoás que foi o quarto 
rei da dinastia de Jeú. Seu longo reinado sobre Israel (quarenta e um 
anos) recebeu uma atenção relativamente pequena nos registros de (2 Re 
14.23-29).
Situação social. Jeroboão II liderou Israel num 
período de muita prosperidade. A Assíria havia enfraquecido a Síria, que
 dessa maneira não representava mais uma ameaça para Israel. Por isso, 
Jeroboão II teve liberdade para executar uma agressiva expansão do seu 
território, conforme profetizado por Jonas (2 Rs 14.25). O Senhor usou 
esse governante para salvar Israel de anos de dificuldades e problemas 
(II Rs 14.27).
Situação espiritual. Infelizmente, a 
prosperidade do reino de Jeroboão II levou a muitos males, pois este rei
 não apresentava qualquer devoção a Deus. Do ponto de vista religioso ou
 espiritual, Israel descera ao degrau mais baixo. Eis abaixo alguns 
pecados cometidos pela nação:
- Decadência do povo (Os 4.1);
- Total falta de misericórdia (Os 6.4-11);
- Depravação dos sacerdotes (Os 6.9);
- Afastamento do Senhor (Os 7.1);
- Indiferença e apatia espiritual (Os 7.8);
- Confiança em deuses falsos (Os 8.1).
A MENSAGEM DE DEUS ATRAVÉS DE OSEIAS
Já vimos na lição introdutória que a palavra profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar” ou “dizer”; e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus (Êx 7.1; Hb 1.1).
Quando
 aplicamos esta realidade a vida do profeta Oseias, o vemos com um 
ministério distinto, pois, antes de verbalizar alguma mensagem por meio 
dele, usando a famosa frase: “Assim diz o Senhor”, o mesmo recebe a mensagem de Deus para ele “Disse, pois, o SENHOR a Oseias” (Os 1.2-a), ordenando-lhe a transmitir, a princípio, a mensagem para Israel com a sua própria vida (Os 1.2-b).
Oseias casa-se (Os 1.2,3). A Bíblia diz que Deus
 ordenou o profeta Oseias casar-se com uma mulher prostituta (Os 1.2). O
 profeta não questionou a Deus e casou-se com uma mulher chamada Gomer, 
filha de Diblaim (Os 2.3). Mas, após unir-se a ela, ele testemunha sua 
infidelidade, quando a viu sair da sua casa para envolver-se com seus 
amantes (Os 3.1).
Oseias havia sido avisado de que a deslealdade da sua esposa seria um
 exemplo vivo para o adultério (idolatria) cometido pelo Reino do Norte.
 Como podemos ver, uma das metáforas mais comuns para descrever o 
relacionamento de Deus com Israel é o casamento (Ez 16.6-14), e a 
infidelidade matrimonial por sua vez exemplifica a idolatria (Jz 8.27; 
Jr 3.8; Ez 23.5; Os 2.5). Com Gomer o profeta teve alguns filhos, cujos 
nomes e significados são proféticos, pois apontam para sentenças que 
Deus faria contra o povo de Israel. Confira:
- O primeiro filho: Jezreel. Significa (Deus espalhará), chamou-se assim porque o juízo de Deus estava sobre a dinastia de Jeú, pelo massacre em Jezreel (II Rs 10.1-14). Embora Deus tivesse mandado cortar a dinastia de Acabe, Jeú extrapolou o limite (II Re 9.10,36; 10.6).
- O segundo filho: Lo Ruama. Quer dizer (desfavorecida), pois o Senhor não amaria mais a Israel, isto é, não demonstraria mais o favor da aliança (Os 1.6);
- O terceiro filho: Lo Ami. Seu significado é (não-meu-povo), pois os pecados de Israel o tinham removido desse relacionamento (Os 1.9).
Oseias é traído (Os 2.2-13). Uma tragédia 
aconteceu no casamento de Oseias. Sua esposa o deixou e voltou a 
prostituir-se (Os 2.1-5). O tema central da mensagem deste profeta é a 
infidelidade de Israel à aliança, descrita como adultério (Os 4.10; 
9.1). A reação humana normal a tal infidelidade é o divórcio, uma medida
 sancionada pela própria Lei, por ser uma transgressão tão séria (Dt 
24.1-4; Mt 19.7-9). O rompimento da aliança no casamento do profeta com 
Gomer, retrata a quebra da aliança de Israel com Jeová por causa da 
desobediência (Os 6.7), e o divórcio, por sua vez, representa o exílio a
 que o povo estava sentenciado por haver transgredido o mandamento do 
Senhor (Os 11.1-7).
Oseias vai novamente em busca de Gomer (Os 2.14-23; 3.1-5). O
 profeta tinha razões de sobra para não chamar a sua esposa de volta 
para si. No entanto, a voz divina o impele a convidá-la a regressar (Os 
3.1) e ele a adquire por preço (Os 3.2). Como podemos ver, a insistência
 por parte do profeta em amar Gomer, ilustra o amor persistente de Deus 
com o povo de Israel, que, embora houvesse pecado, caso se 
arrependessem, Deus os tornaria a receber porque estava disposto a 
renovar a aliança quebrada (Os 6.1-3). Aqueles que foram chamados 
Lo-Ruama (desfavorecida) agora seria Ruama (favorecida) e Lo-Ami 
(não-meu-povo) seria Ami (meu povo) (Os 2.1,23).
PROMESSA ESCATOLÓGICA DE RESTAURAÇÃO
O Reino do Norte havia resistido aos fortes apelos de Deus por 
intermédio do profeta a reconciliação, o que resultou numa sentença 
amarga: o cativeiro pela Assíria em 722 a.C (Os 11.7). Tendo rejeitado a
 correção, estavam sendo destruídos pela “falta de conhecimento” (Os 
4.6) e por esquecer de Deus (Os 2.13). No entanto, a promessa divina aos
 patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, de fazer uma aliança perpétua com 
eles e com seus descendentes, era a garantia de que o castigo não 
duraria para sempre (Os 1.10; Gn 22.17). Deus havia pronunciado o 
julgamento através do profeta (Os 2.6-13), porém, também anunciou a sua 
restauração, e que o Senhor graciosamente perdoaria a nação perversa e 
com paciência a atrairia para si (Os 2.14). Suas palavras finais ao povo
 são de esperança e não de julgamento (Os 14.4-8). O apóstolo Paulo 
também fez referência a essa restauração (Rm 11.25-32).
A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE OSEIAS PARA A IGREJA
A mensagem da graça redentora está no coração do livro de Oseias (Os 4
 a 14). O Novo Testamento destaca esse tema e cita os textos que 
esclarecem o significado do evangelho. Os apóstolos falam dos gentios 
como o “não povo” que se torna o povo de Deus e encontra a misericórdia 
salvadora (I Pe 2.10; Rm 9.25,26). Embora originalmente a maioria das 
profecias de Oseias tenham sido direcionadas ao povo de Israel, existem 
princípios nela contidos que servem de ensino para a Igreja de Cristo 
ainda hoje, tais como: Deus reprova o orgulho (I Tm 3.6; Tg 4.6); a 
idolatria (Mt 10.37; Lc 16.13; I Co 10.14; Gl 5.20; Cl 3.5; I Jo 5.21); e
 a amizade com o mundo que é vista como adultério (Rm 12.2; I Jo 2.15; 
Tg 4.4), pois requer que todos os seus servos O sirvam com fidelidade, 
obediência e santidade (Mt 7.21; I Tm 4.10; I Ts 4.3,4,7).
CONCLUSÃO
Como vimos, o relacionamento entre Oseias e Gomer descrito no livro 
deste profeta, serve de pano de fundo para retratar a infidelidade de 
Israel na aliança com Deus. Ainda assim, Deus, apesar de punir a nação, 
não a rejeita, mas mostra-se grandemente amoroso convidando-os ao 
arrependimento e prometendo-lhes restauração (Os 14.1-4). Ainda 
aprendemos que o conteúdo do livro traz para a Igreja de Cristo, 
valiosos ensinamentos que permanecem como doutrina, a fim de que 
permaneçamos vivendo em pureza e conservando a aliança com Cristo feita 
com seu próprio sangue (Mt 26.28; Hb 7.22).
REFERÊNCIAS
- GARNER, Paul. Quem é quem na Bìblia Sagrada. VIDA
- ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
- SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
- STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD


 
 






Nenhum comentário:
Postar um comentário