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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Título: A Missão Integral da Igreja — Porque o Reino de Deus está entre vós
Comentarista: Wagner Gaby


Lição 11: A influência cultural da Igreja
Data: 11 de Setembro de 2011

“E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28).

Deus nos criou como seres sociais e instrui-nos a produzir uma cultura que reflita os princípios espirituais e morais de sua Palavra.

 “Produções sociais e costumes das sociedades humanas”.

A CULTURA ANTES E APÓS A QUEDA

1. A natureza da cultura humana. Derivada do latim, a palavra “cultura” refere-se às produções sociais e aos costumes das sociedades humanas. A cultura de um povo manifesta-se através de seus hábitos, comportamentos, artes, crenças e valores. Criado por Deus, o ser humano foi por Ele dotado de extraordinária capacidade para administrar este mundo (Gn 1.28-30). Por conseguinte, a capacidade de criar e desenvolver uma cultura é dom divino. Por isso, nossa cultura pode e deve refletir o amor, a bondade e a verdade do Pai Celeste. Todavia, por causa do pecado, a produção cultural do ser humano acha-se comprometida pelo mal (Gn 3.5-10,17-19). Por isso, devemos submetê-la ao crivo das Sagradas Escrituras.

2. A cultura como beleza da criação. O Pai Eterno impregnou-nos com a sua imagem e semelhança (Gn 1.26), tornando-nos capazes de pensar, criar e comunicar-nos uns com os outros e com Ele próprio. Tudo o que fazemos tem um caráter social, seja cuidando da terra, seja zelando pelos animais ou administrando nossa família (Gn 1.28,29). Enfim, sempre que nos pomos a servir ao próximo, obedecemos aos mandamentos de Deus através de nosso fazer cultural (comissão cultural). Assim, glorificamos ao Senhor (Lc 6.9).

3. A Queda manchou a cultura humana. A Bíblia afirma que o pecado subjugou a humanidade, comprometendo toda a criação de Deus. Por isso, a criatura geme e espera por sua redenção (Rm 8.19-23). Logo, nenhuma produção cultural é perfeita, porque somos imperfeitos por natureza. E uma das coisas mais danosas que podemos fazer da cultura é adorar a criatura em lugar do Criador (Rm 1.18-25).

EXEMPLOS BÍBLICOS DE RELACIONAMENTO CULTURAL

1. Daniel discerne a cultura babilônica. O Império de Babilônia era singular em belezas artísticas, arquitetônicas, literárias e científicas. Indaga retoricamente o rei Nabucodonosor: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real?” (Dn 4.30). Nesse contexto cultural, achava-se Daniel. Dotado de uma fé consistente e de um profundo conhecimento da lei divina, o jovem hebreu soube como discernir os prós e os contras da cultura babilônica. Ele examinava tudo e retinha o bem, conforme aconselha-nos Paulo (Dn 1.4; cf. 2.48,49; 1 Ts 5.21).

Quando os valores de sua fé eram desafiados, Daniel não transigia nem negociava com os seus princípios espirituais, morais e éticos (Dn 1.8; 6.6-10). Através de uma postura tão firme e corajosa, fez sobressair sua fé no Deus Único e Verdadeiro. É assim que devemos agir e reagir, como o povo de Deus, em relação ao contexto cultural no qual estamos inseridos.

2. Paulo, Barnabé e a transformação cultural em Listra. Na província romana da Galácia, havia uma cidade chamada Listra. O templo de Júpiter e de Mercúrio ocupava o centro da cidade, cujos habitantes, de ascendência cultural grega, acreditavam na humanização desses deuses. Segundo o poeta romano, Ovídio, Júpiter e Mercúrio desceram, certa vez, à Terra, disfarçados de viajantes. Recebidos por Filemon e sua esposa, Baucis, deram ao casal, como premiação pela acolhida, a incumbência de lhes guardar o templo em Listra.

Tal crença ajuda-nos a entender melhor o capítulo 14 de Atos. A passagem narra a chegada de Paulo a Listra, onde curou um paralítico de nascença. Diante do milagre, os habitantes de Listra foram induzidos a pensar que os deuses achavam-se novamente entre eles. Por isso, chamaram a Barnabé de Júpiter e a Paulo de Mercúrio. Tal fato denota a idolatria que dominava a cultura greco-romana. Todavia, Paulo e Barnabé trataram de corrigir o engano. Assim, contrapuseram o Evangelho de Cristo à cultura pagã de Listra. E ali mesmo, estabeleceram uma igreja (At 14.21,22). Com Paulo e Barnabé, aprendemos o quanto devemos levar a sério a transformação cultural da sociedade por meio da prática da Palavra de Deus (cf. At 17.15-34).

 EVANGELHO, IGREJA E CULTURA

1. Evangelho e cultura. Nascido judeu, Jesus foi educado na lei de Moisés, participou das festas anuais em Jerusalém, frequentou as sinagogas e, como ensinador, mostrou ao povo a singularidade da mensagem evangélica. Ele participou ativamente da história e da cultura judaica (Jo 1.14; Gl 4.4). E foi entre homens comuns que o meigo nazareno anunciou a mensagem de amor e de salvação (Mt 11.19). Tudo, dentro de um contexto cultural.

2. Igreja e cultura. A Igreja Primitiva deparou-se com várias questões de caráter cultural. Haja vista o concílio de Jerusalém (At 15). A relação entre os cristãos judeus e gentios era delicada e demandava muita diplomacia e tato por parte dos apóstolos, para que não houvesse conflitos entre ambos os grupos (Rm 2.12-16; 14.5-9). A cultura jamais deve ser motivo de divisões no seio da igreja. E uma vez que estamos inseridos num ambiente cultural, não podemos isolar-nos deste, mas utilizá-lo para comunicar a mensagem do Evangelho.

3. O despertamento cultural da Igreja. Assim como Daniel, Paulo e Jesus de Nazaré, a Igreja tem o dever de propor uma contracultura para esta sociedade. A mídia impõe sobre nós uma carga cultural completamente oposta aos valores do Evangelho. E o que a Igreja tem feito? Não há dúvida de que o Senhor deseja usar cada crente para levar a Palavra de Deus a um mundo que jaz no maligno. Esta é a nossa missão.

 Se trabalhada de acordo com a Palavra de Deus, a cultura faz-se bela, verdadeira e útil. Ciente dessa verdade, a Igreja de Cristo não pode ficar impassível. Transformemos, pois, nossa cultura com a mensagem do Evangelho, pois, como prometeu o próprio Cristo, “as portas do inferno não prevalecerão contra [a Igreja]” (Mt 16.18).


Subsídio Teológico

“Nos primeiros seis dias da narrativa de Gênesis, Deus forma e enche o universo físico. [...] Deus cria o primeiro casal humano para ter domínio sobre a terra e governá-la em seu nome. O texto deixa claro que os seres humanos não são governantes supremos, livres para fazer tudo que desejarem. Seu domínio é uma autoridade delegada — eles são representantes do Governador Supremo, chamados para refletir seu cuidado santo e amoroso para com a criação. Eles têm de ‘cultivar’ (palavra que tem o mesmo radical que ‘cultura’) a terra (Gn 2.15, ARA). O modo como expressamos a imagem de Deus pode ser demonstrado pela nossa criatividade e maneira de construir culturas. Este era o propósito de Deus quando criou o ser humano, e até hoje continua sendo seu propósito para nós. O plano original de Deus não foi cancelado pela queda. O pecado corrompeu cada aspecto da natureza humana, mas não nos fez menos que humanos. Não somos animais. Ainda refletimos ‘por espelho’ (1 Co 13.12), ‘obscuramente’ (ARA), nossa natureza original como portadores da imagem de Deus. [...] Gênesis nos fala de nossa verdadeira natureza, das coisas que não podemos deixar de fazer, do modo como Deus criou cada ser humano com um fim específico. Nosso propósito é precisamente cumprir nossa natureza dada por Deus” (PEARCEY, N. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de seu cativeiro cultural. 1.ed., RJ: CPAD, 2006, p.52).

Subsídio Apologético

“A justificação das Escrituras para a construção da cultura começa em Gênesis. No limiar da Criação, a terra é sem forma, vazia, escura e não desenvolvida. Então, cumprindo uma série de etapas, Deus estabelece as características básicas da Criação: luz e escuridão, terra e mar acima e abaixo do firmamento, e assim por diante. Depois, todavia, Deus muda sua estratégia.

Até o sexto dia, Deus fez todo o trabalho da Criação diretamente. Mas agora cria os primeiros seres humanos e os ordena a levar adiante de onde deixou: eles deveriam refletir sua imagem e exercer domínio sobre toda a Criação (Gênesis 1.26). Daí em diante, o desenvolvimento da Criação seria primeiramente social e cultural: seria o trabalho dos homens, enquanto obedecessem os mandamentos de Deus para povoar e subjugar a terra (Gn 1.28).

Algumas vezes chamada de ‘comissão cultural’ ou ‘mandato cultural’, a ordem de Deus é a culminação de suas obras na Criação. A cortina foi erguida no palco, e o diretor dá às personagens a deixa inicial no drama da história. Embora tudo o que Deus criou tenha sido considerado ‘muito bom’, a tarefa de explorar e desenvolver os poderes e potenciais da Criação, a tarefa de construir uma civilização, Ele atribui aos portadores de sua imagem. ‘Em sendo frutíferos deveriam preenchê-la ainda mais; ao subjugá-la deveriam desenvolvê-la ainda mais’, explica Al Wolters em Creation Regained (Criação Recuperada).

A mesma ordem ainda nos diz respeito hoje. Apesar de a Queda ter introduzido o pecado e o mal na história humana, ela não apagou o mandato cultural. As gerações desde Adão e Eva ainda têm filhos, constroem famílias e se espalham sobre a terra. Elas ainda criam animais e semeiam nos campos. Ainda constroem cidades e governos [...].
O pecado introduz um poder destrutivo na ordem da Criação de Deus, mas não oblitera aquela ordem. Quando somos redimidos, não somos apenas libertados das motivações pecaminosas que nos dirigem, mas também restaurados para cumprir o propósito original, para fazer aquilo para o qual fomos criados: edificar sociedades e criar culturas e, assim, restaurar a ordem criada” (COLSON, C.; PEARCEY, N. E Agora, Como Viveremos? 2.ed., RJ: CPAD, 2000, pp.351,352).

Fonte: Estudantes da Bíblia, Diacono Sergio Christino

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