Introdução
I. Jeremias é chamado a pregar na porta do templo
II. A mensagem de Jeremias
III. Jeremias combate a teologia do templo
IV. A lição de Siló
Conclusão
A Ortopraxia do Culto e da Adoração
Prezado professor, a lição de hoje procura retratar o perigo de a nossa vida espiritual tornar-se uma mera observação ritualística, desprovida do sentimento verdadeiro que permita indignar-se com as injustiças ao nosso redor e a falta de ética com a vida humana. O subsídio desta lição aborda o conceito de Culto, o seu desdobramento na Adoração e o significado da adoração atrelado a Ortopraxia (uma prática certa) do cristão.
O culto
O termo culto é derivado do latim cultus, que significa veneração, tributação voluntária de louvores e honra ao Criador. A liturgia ou ritual praticado no templo não é propriamente o culto. Porém, sua característica está na piedade, sentimento e amor a Deus, onde é possível denotar a verdadeira predisposição espiritual na adoração. O que ocorrera com os judeus na época de Jeremias, foi que o sistema do culto era observado como um ritual frio que deveria ser praticado sem compromisso algum do caráter pessoal. Em Provérbios 7. 14,15 o rei Salomão denota com destreza a mecanicidade pragmática do culto no Israel monárquico, onde uma mulher apresenta sacrifícios pacíficos (um elemento de culto) e em seguida acha-se livre para cometer a mais sórdida infidelidade: o adultério. O culto desprovido da vida sincera com Deus torna-se corrupto!
O desdobramento do culto na adoração
O termo adoração versa do latim adorationem, que significa orar para alguém. É a veneração elevada que se presta a Deus, reconhecendo sua soberania em todas as esferas da vida. Por isso a vida de adoração não está limitada a área geográfica, mas ao verdadeiro estilo de vida que a representa. O Senhor Jesus disse “que o Pai busca adoradores que o adorem em Espírito e em Verdade” [1]. O ensino do Senhor ainda destaca “amar o Pai de todo o coração, alma e pensamento” [2] como características fundamentais da perfeita adoração. O Pastor Claudionor de Andrade (autor da lição desse trimestre) conceitua o termo adoração: “Adoração não é contemplação; é, acima de tudo, serviço que se presta ao Reino de Deus”. Essas exposições afirmam que a prática da adoração está longe de uma observação estática de elementos que não constituem vida e sentimento para com Deus, mas requer a manifestação verdadeira da adoração autêntica que represente a verdade na vida dos que propõe a intimidade de amar a Deus acima de todas as coisas. A adoração não é episódica, mas permanente, intensa e profunda.
Adoração e a Ortopraxia
O profeta Jeremias denunciava que o culto não denotava a relação essencial do povo com Deus. Enquanto em muitas religiões basta você repetir algumas fórmulas em palavras para se tornar um membro dela (como no islamismo), para Deus isso não é o suficiente. Alguns profetas denunciaram o que Deus sentia ao ver homens declarando superficialmente com seus lábios o amor a Deus, mas com o seu coração longe e insensível à sua voz. Vejamos alguns textos: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” [3]; “Eis que para contendas e debates, jejuais e para dardes punhadas impiamente; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto” [4]; “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras... se não [mas] oprimirdes o estrangeiro, e o orfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para o vosso próprio mal” [5]; “... Quando jejuardes e pranteaste, no quinto e no sétimo mês, durante estes setentas anos, jejuastes vós para mim, mesmo para mim?... Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão; e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada um contra o seu irmão, no seu coração” [6]. Essas profecias trouxeram a tona a hipocrisia do povo e da elite (nobres e sacerdotes), deixando claro que não pode haver dualidade na adoração. Ela não é desassociada da prática na vida comum. O Eterno deixou claro que a proposta do homem em cultuá-lo (jejuns, orações, Cânticos, etc.) deve ser embasada numa relação íntima com Deus e com o próximo. O novo mandamento de Jesus se dá na vertical (amar a Deus) e na horizontal (amar o próximo) das relações.
Professor! Mostre aos alunos que Deus rejeitou o culto dos judeus porque ele não representava a verdade das suas ações. Pode o homem ofertar a Deus e ao mesmo tempo ser iracundo com o seu próximo?[7] A fé desse homem pode ser sustentada enquanto a injustiça contra o próximo é explícita?[8] É possível uma fé desprovida de ação?[9] Portanto, prezado professor, use a lição de hoje para despertar essa reflexão. Exorte os seus alunos a pensarem e viverem uma fé autêntica e relevante. Deus está em busca de verdadeiros adoradores! Adoradores que o adorem com a vida. Amém!
Reflexão: “Mas o propósito maior da relevância dos crentes, como sal da terra e luz do mundo, é glorificar a Deus. Foi o que Jesus disse: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso pai, que está nos céus. Deus é o fim de todas as ações cristãs desencadeadas pelos seus servos. Quando feridos são restaurados em razão do trabalho de cada um, Deus é exaltado em sua glória, pois trata-se do resgate de sua imagem em vidas antes corrompidas pelo pecado. Não só esta ação o glorifica, mas os que são tocados por ela transformam-se em verdadeiros adoradores do Altíssimo.” (COUTO, Geremias do. Transparência da Vida Cristã. Rio de Janeiro. CPAD, 2001, p.56.)
Referência Bibliográfica
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro, CPAD, 2008. CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Rio de Janeiro. 2ª ed. Vol. 5. CPAD/HAGNOS, 2001.
COUTO, Geremias do. Transparência da Vida Cristã. Rio de Janeiro. CPAD, 2001, p.41-56.
Nenhum comentário:
Postar um comentário